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O MBL defende abertamente o impeachment da presidente por entender que ela pode ser enquadrada em crime de responsabilidade | UESLEI MARCELINO/REUTERS
O MBL defende abertamente o impeachment da presidente por entender que ela pode ser enquadrada em crime de responsabilidade| Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Em um debate promovido pela Folha de S.Paulo e pelo portal UOL na tarde desta segunda-feira (30), o ativista Fernando Holiday, 18, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), disse que a presidente Dilma Rousseff já não tem controle sobre o país e que se tornou uma espécie de “rainha da Inglaterra” no Palácio do Planalto.

‘Quem está na rua não representa a maioria’, dizem estudantes

Um grupo de jovens que acompanhou o debate entre os mobilizadores dos atos contra o governo questionou a defesa do impeachment e afirmou que os que estão na rua não podem ser vistos como maioria. “Várias vezes eles mencionam o povo... Dilma foi eleita por 52 milhões de pessoas. Eles são maioria? Podem se dizer representantes do povo?”, indagou Douglas Ferreira, 24, que cursa Ciências Sociais na PUC, em São Paulo.

Durante o debate, o líder do Movimento Brasil Livre, Fernando Holiday, 18, defendeu enfaticamente o afastamento da presidente Dilma Rousseff, mas afirmou que os grupos contra o governo não se veem como representantes do povo. Ele atribui a mobilização anti-PT à “indignação generalizada” com a performance da Dilma no Planalto.

Os estudantes disseram ser contra “qualquer tipo de força reacionária”, mas rechaçaram o rótulo de “governistas”. “Ninguém aqui é filiado ao PT ou militante do partido”, disseram.

Os jovens se envolveram em uma discussão com três homens que estavam na plateia com camisas do SOS Forças Armadas, grupo que defende a intervenção militar. “Eles são novos, não sabem o que falam. Não vejo outra solução para o país se não os militares”, afirmou Aparecido de Almeida, 59, empresário.

O debate ocorreu no teatro Tucarena, em São Paulo, e foi mediado pela repórter especial da Folha Patrícia Campos Mello, com perguntas do blogueiro Josias de Souza, do UOL. “Quem governa o país hoje é o Eduardo Cunha e o Renan Calheiros. Ela [Dilma] é uma espécie de rainha da Inglaterra”, disse Fernando.

O MBL defende abertamente o impeachment da presidente por entender que ela pode ser enquadrada em crime de responsabilidade por ter ficado à frente do conselho de administração da Petrobras no período em que, segundo a Operação Lava Jato, desvios se tornaram frequentes na estatal.

Além do MBL, o advogado Cláudio Camargo, do movimento Quero Me Defender, participou do evento.

Camargo entende que ainda não é possível juridicamente defender o impeachment de Dilma. Ele prega, no entanto, a adoção de uma pauta conjunta de todos os movimentos antigoverno baseada em pontos de concordância, como a redução do número de ministérios e o repúdio ao silêncio do Planalto sobre a situação política da Venezuela.

Ambos os representantes disseram repudiar os grupos que defendem a intervenção militar. “Sou radicalmente contra ditadura, seja ela de esquerda ou de direita”, disse Camargo.

Fernando Holiday defendeu a legitimidade do impeachment. Questionado sobre o fato de que o poder poderia acabar nas mãos do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer e dos presidentes da Câmara e do Senado, avaliou que, apesar de também estar envolvido com denúncias de corrupção, o PMDB não tem um viés totalitário. “O PT usa a corrupção para colocar em risco a nossa liberdade”, avaliou.

Tradução

Camargo comanda uma página na internet que tem cerca de 400 mil seguidores. Ele diz que dedica duas horas diárias à alimentação do site e que seu trabalho é “traduzir” o noticiário para “o povo”. Em sua fala, disse que a população mais pobre não lê jornal e, quando lê, não entende.

Questionado se não teria uma visão “paternalista”, por defender que algumas pessoas são incapazes de formar juízo sobre o que se passa no país, rechaçou: “Você escreve sobre superávit primário. A moça que trabalha na minha casa não vai entender. Se eu disser pra ela: estão gastando mais do que podem, ela entende”.

Convidado para o evento, Marcello Reis, do grupo Revoltados On Line, não compareceu. Ele havia confirmado presença. O debate era aberto para o público e, em diversos momentos, houve intervenção da plateia. Ao final, um trio que defendia a intervenção militar discutiu com estudantes que acompanhavam a programação.

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