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Telmário Mota: “Delcídio queria impedir um delator de falar. O Jucá quer fazer um pacto com a Justiça e parar a Lava Jato. É muito mais grave”. | Geraldo Magela/Agência Senado
Telmário Mota: “Delcídio queria impedir um delator de falar. O Jucá quer fazer um pacto com a Justiça e parar a Lava Jato. É muito mais grave”.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Diferentes partidos de oposição ao governo Temer anunciaram nesta segunda-feira (23) que vão pedir a prisão do ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), por tentativa de obstrução da Justiça, a cassação do mandato dele no Senado (o peemedebista é senador licenciado) e a anulação da posse dele na Esplanada. A base dos pedidos é a conversa gravada divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, na qual Jucá fala com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em fazer um pacto com objetivo de paralisar a Operação Lava Jato.

O PSol informou que irá apresentar ainda nesta segunda-feira (23) representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o órgão peça a prisão de Jucá por obstrução da justiça. O partido diz não ter dúvida de que houve uma “operação abafa” na Lava Jato em troca da aprovação da abertura de processo de impeachment contra Dilma Dilma Rousseff. “O PSol não reconhece Temer como presidente e nem os corruptos que o acompanham. O mínimo que a PGR deve fazer é pedir a prisão de Jucá. O mínimo que O STF [Supremo Tribunal Federal] deve fazer é acatar o pedido”, afirmou em nota o presidente nacional do partido, Luiz Araújo.

Já o PDT informou que vai pedir a cassação do mandato de Jucá. O pedido será protocolado pela legenda na terça-feira (24) com assinatura do presidente nacional, Carlos Lupi, e dos senadores Telmário Mota (RR) e Lasier Martins (RS). “Acho que a fala dele é mais grave do que a do ex-senador Delcídio [do Amaral], porque o Delcídio queria impedir um delator [Nestor Cerveró] de falar. O Jucá quer fazer um pacto com a Justiça e parar a Lava Jato. É muito mais grave. O Senado não pode ter dois pesos e duas medidas”, disse Telmário, que relatou o processo de cassação contra Delcídio.

O senador, que é adversário de Jucá na política regional, afirma que a denúncia contra Jucá é “a queda de Lúcifer”. “Lúcifer era um anjo iluminado que traiu Deus. O Jucá era o anjo da República desde o governo Fernando Henrique e com seu procedimento hoje está caindo o Lúcifer da República.”

Além do pedido de cassação, o senador apresentará um projeto de decreto legislativo para anular a nomeação de Jucá para o Ministério do Planejamento. Ele já tinha pedido no Judiciário a anulação da delação.

Petistas

Petistas disseram que o pacto para deter a Lava Jato reforça a tese defendida pelo PT de que o impeachment de Dilma Rousseff é viciado e usado como moeda de troca para blindar políticos do alcance da operação. Partido atingido em cheio pelas investigações do esquema de corrupção da Petrobras, o PT diz estar estudando as medidas jurídicas cabíveis.

“São fatos de extrema gravidade, que reforçam a nossa convicção de que esse processo de impeachment é todo nulo e viciado”, afirmou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). “Na nossa opinião, os fatos se encaixam na tese de que há uma organização criminosa que atuou nesse processo com o objetivo de salvar o Eduardo Cunha [presidente afastado da Câmara] e os mandatos de políticos e partidos investigados na Lava Jato.”

Pimenta criticou ainda a Procuradoria-Geral da República, que segundo ele, deveria ter tornado público o áudio de Jucá antes da votação do pedido de impeachment de Dilma na Câmara (17 de abril) e no Senado (12 de maio). “Isso pode ser encarado até como prevaricação, já que é certo que poderia ter alterado todo o curso desse processo.” O fato, porém, é que não se sabe quem repassou a gravação para a Folha de S.Paulo.

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