Atualizada em 27/03/2006 às 22h
Para o líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), o afastamento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não é suficiente para pôr fim à crise ética e moral do governo Lula. Para o líder da oposição, Lula prestaria um grande serviço à nação se decidisse desistir da eleição e nomeasse um ministério de notáveis para fazer uma tutela até o fim de seu mandato. Aleluia também rechaçou a decisão de Palocci de simplesmente se afastar do cargo para manter o foro privilegiado e escapar de uma eventual prisão.
- Não consigo entender, como cidadão, que a decadência moral e ética desse governo tenha chagado a ponto de manter Palocci com o título de ministro só para ele se manter fora do alcance da Justiça. Esse seria o último degrau da ética e da moral do governo Lula.
O sub-relator da CPI dos Correios Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) concordou Aleluia. Para ele, a crise não acaba com Palocci. ACM Neto disse que a oposição tem que decidir se parte ou não para cima do presidente. Embora sem citar a palavra impeachment, ACM Neto disse que a punição não pode parar em Palocci, em Jorge Mattoso, e nos demais envolvidos na quebra de sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
- A crise não estanca com o afastamento. Se nós da oposição tivermos juízo, é hora de apurar tudo até o fim, chegue ou não no presidente Lula. A oposição errou ao achar que poderia tutelar o governo e a crise na época do Duda Mendonça, agora falta o quê? - indagou o pefelista.
O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), afirmou que a situação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, era insustentável.
- O ministro pediu demissão porque se sentiu enfraquecido com as denúncias envolvendo seu nome e para que a sua permanência não significasse maior turbulência na economia. A decisão do ministro foi correta, porque a situação era insustentável - disse Rigotto.
Antes da divulgação do pedido de afastamento do ministro, a senadora Heloisa Helena afirmou que a saída de Palocci seria uma estratégia do presidente de tentar minimizar o impacto que mais uma denúncia de corrupção pudesse ter sobre seu governo.O senador César Borges (PFL-BA), declarou no plenário que, "se o presidente Lula tivesse respeito pelas instituições democráticas, já o teria demitido (Palocci) há muito tempo".
o senador João Batista Motta (PSDB-ES) disse, por sua vez, que gostaria de ter visto o ministro perder o cargo, já no início do governo Lula, por ter permitido o aprofundamento da política neoliberal no país.
Na avaliação de Motta, a adoção de taxas de juros elevadas pela equipe econômica do governo deveria, antes das denúncias de corrupção envolvendo o ministro, ter sido causa de sua demissão anteriormente.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), analisou a saída do ministro da Fazenda Antônio Palocci com uma comparação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o metalúrgico e sindicalista Lula, que lutou pela democracia durante a ditadura militar e pela qual acabou sendo preso, conforme recordou.
- O presidente Lula, arrogante, prepotente e omisso, recebeu uma grande lição do líder sindical Lula, que lutou pela democracia e agora prova que sua luta não foi em vão - assinalou, observando que, não fosse o estado democrático quem seria punido até com prisão seria o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que fez denúncias contra Palocci na CPI dos Bingos.
Já o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) ignorou o estado democrático e pediu nesta que Palocci e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, sejam processados e condenados por "invadir o sigilo bancário" do caseiro Francenildo dos Santos Costa. O parlamentar lembrou que a pena é de um a quatro anos de prisão.
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