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O Congresso Nacional | Jonas Pereira/Agência Senado/Arquivo
O Congresso Nacional| Foto: Jonas Pereira/Agência Senado/Arquivo

Sabendo que se trata de uma má ideia, o Planalto não admite uma interferência direta nas eleições do Congresso Nacional. Mas, auxiliares do presidente da República, Michel Temer (PMDB), acompanham de perto as articulações dos parlamentares em busca de cargos importantes na Câmara dos Deputados e no Senado. A ideia é agir apenas pontualmente, a qualquer sinal de problema.

Foi assim em julho do ano passado, quando o presidente Temer se esquivou sobre quem preferiria ver na cadeira renunciada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Por outro lado, já às vésperas da eleição na Câmara, o Planalto reconheceu ter atuado “pontualmente” para desidratar a candidatura de Marcelo Castro (PMDB-PI), ex-ministro da ex-presidente Dilma Rousseff.

Até aqui, contudo, o Planalto não detectou “problemas” nas articulações dos parlamentares, a todo vapor em pleno recesso. Tudo indica que, tanto na Câmara quanto no Senado, o presidente Temer deve ter aliados próximos em postos-chave ao longo de 2017, em um desenho até mais favorável a ele, na comparação com o ano passado.

Na presidência da importante Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, por exemplo, sai a petista Gleisi Hoffmann (PR), nome da linha de frente da oposição ao governo Temer, e entra, possivelmente, o aliado tucano Tasso Jereissati (CE).

Integrante do campo mais moderado da bancada do PT, Jorge Viana (AC) também deixa a vice-presidência do Senado, o que agrada o Planalto, especialmente após o “susto” do final do ano passado, quando o petista ficou perto de assumir o comando da Casa, com o afastamento relâmpago de Renan Calheiros (PMDB-AL) do cargo. No lugar de Renan, Eunício Oliveira (PMDB-CE), aliado próximo do presidente Temer, é o mais cotado. A cadeira de vice ainda está aberta, mas o PSDB deve ocupar a vaga.

Também na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, principal colegiado interno da Casa, o presidente Temer deve continuar contando com um aliado. Renan Calheiros, fiador de votações cruciais para o Planalto no segundo semestre do ano passado, teria interesse pela cadeira, hoje ocupada também pelo PMDB, via José Maranhão (PB).

Na CCJ da Câmara, o Planalto também não deverá enfrentar problemas. Sai um aliado, o paranaense Osmar Serraglio (PMDB), mas entra, possivelmente, outro aliado: Rodrigo Pacheco (MG), que, embora tenha pertencido à ala do PMDB mais afinada com o governo Dilma, acabou votando a favor do impeachment da petista, no ano passado.

Além de ganharem visibilidade e estrutura adicional de trabalho, os donos de cadeiras importantes no Legislativo podem ditar o ritmo das matérias que tramitam nas duas casas. Para o Planalto, ter aliados com poder para acelerar, postergar, ou até engavetar determinadas matérias, é crucial - especialmente em 2017, ano em que o governo federal aposta na aprovação de reformas nas legislações previdenciária, trabalhista e tributária.

Centrão ainda preocupa

Para o Planalto, o ponto mais delicado das eleições no Legislativo, previstas para fevereiro, é a escolha do presidente da Câmara. Desde julho, o Planalto conseguiu um importante aliado na cadeira, Rodrigo Maia (DEM-RJ), responsável por garantir a votação da pauta econômica prioritária do governo federal no ano passado. A reeleição do parlamentar do DEM, contudo, agora enfrenta obstáculos.

Adversários questionam a possibilidade de reeleição, vedada pela Constituição Federal e pelo Regimento Interno, e o caso já foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Para Maia, a regra não se aplica ao seu caso, que assumiu um “mandato-tampão”, mas o imbróglio ainda pode atingi-lo na corrida à presidência da Casa.

Até agora, dos quatro candidatos à cadeira principal da Câmara, apenas André Figueiredo (PDT-CE) faz oposição ao governo Temer. O pedetista, contudo, não tem conseguido angariar nem mesmo o apoio da bancada do PT, ainda sem posição definida.

Todos os demais candidatos, Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF), além de Maia, pertencem à base aliada. Mas, apesar disso, tanto Jovair quanto Rosso levantam a bandeira da “independência” em relação ao Executivo. O discurso é parecido com o do ex-presidente da Casa, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além disso, ambos são oriundos do Centrão, bloco informal de legendas médias e pequenas extremamente instáveis.

Nos bastidores, corre que Maia já desponta como o favorito nas eleições, mas a candidatura de Jovair ganhou musculatura na última semana. Apoiadores do petebista ainda apostam na desistência de Rosso, fato que traria mais votos para o parlamentar de Goiás.

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