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Apontado dentro do PT como único nome capaz de evitar que o partido saia da eleição municipal do próximo ano com uma derrota avassaladora, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, apostará justamente no descolamento da legenda para tentar conseguir reeleger-se na maior cidade do país.

Os aliados de Haddad querem tentar passar ao eleitor a imagem de que, apesar de ser filiado ao partido desde a década de 1980, o prefeito é um petista light. Faz parte dessa estratégia, por exemplo, o encontro público que ele teve com o tucano Fernando Henrique Cardoso, em setembro, quando foram juntos assistir a uma apresentação, no Theatro Municipal. Também está definido que não haverá receio em apontar o dedo para a presidente Dilma Rousseff quando, durante a campanha, Haddad for questionado por que não entregou todas as obras prometidas na eleição de 2012. A queixa, que já vem sendo feita de maneira discreta, é que o governo federal não repassou R$ 8 bilhões que havia assegurado para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Vai ser difícil carregar o PT nas costas aqui em São Paulo”, diz um assessor do prefeito.

Pesquisa Datafolha divulgada na segunda-feira (2) mostra que a tarefa de Haddad não será fácil. A menos de um ano da eleição, o percentual da população que considera a sua gestão ruim ou péssima subiu de 44%, (registrado em fevereiro) para 49%. Já o total dos que classificam a administração como ótima ou boa caiu de 20% para 15%. A avaliação regular passou de 33% para 34%.

Os números decepcionaram os auxiliares do prefeito, que apostavam numa melhora da imagem da gestão, por causa da implantação de medidas como a redução de velocidade nas marginais, a criação de ciclovias e o fechamento da Avenida Paulista e outras vias para lazer aos domingos.

“Acredito que boa parte da rejeição dele é em função da crise em que o PT se meteu. Em São Paulo, há uma rejeição ao PT muito forte, que se intensificou de 2013 para cá. A maior parte da conta dessa rejeição está ligada à corrupção e aos problemas do governo federal”< analisa o cientista político Marco Antonio Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Apesar de atribuir suas dificuldades à rejeição ao PT, Haddad não trabalha, no momento, com a possibilidade de deixar o partido, principalmente por causa da relação com Lula, que em 2012 manobrou para viabilizar sua candidatura, tirando a então petista Marta Suplicy do páreo. O prefeito também sabe que, dentro da legenda, sua reeleição virou prioridade máxima porque seria uma forma de neutralizar a queda, considerada certa, no número de prefeituras da sigla no país — hoje o PT administra 550 cidades.

É justamente por causa de Lula que a estratégia do prefeito de se afastar do PT tem limitações. Haddad até poderia esconder Dilma em sua campanha, mas não teria como fazer o mesmo com o padrinho. “Não tem como ter campanha sem o número 13, sem o símbolo do PT e sem o Lula”, reconhece uma pessoa da confiança do prefeito.

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