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Arte sobre foto de Arnd Wiegmann/Reuters
Arte sobre foto de Arnd Wiegmann/Reuters| Foto:
Arte sobre foto de Arnd Wiegmann/Reuters

Arte sobre foto de Arnd Wiegmann/Reuters

Se, na política, todos os dias há uma nova descoberta sobre corrupção, golpe e outras falcatruas, no futebol parece não existir limite para os crimes financeiros.

Uma pesquisa rápida pelos jornais nos últimos meses é suficiente para deixar qualquer pessoa de bom senso enojada.

– Messi pode pegar 22 meses de prisão por fraude fiscal, estampam os sites.

O craque do Barcelona é acusado pelas autoridades espanholas por três delitos fiscais cometidos entre 2007 e 2009. A Agência Tributária espanhola pede que seja aplicada multa de 4,1 milhões de euros (mais de R$ 17,5 milhões) ao jogador, valor correspondente ao que teria sido sonegado ao governo da Espanha. Os advogados do órgão espanhol destacam que o jogador “não poderia ignorar” que grande parte de sua renda, a partir da exploração dos seus direitos de imagem, passou por empresas localizadas em paraísos fiscais, como Uruguai, Suíça e Belize.

– Neymar tem R$ 188 milhões bloqueados na Justiça, foi a manchete global.

O astro da seleção brasileira é acusado pela Procuradoria da Fazenda Nacional de sonegar impostos de 2011 a 2013, período em que o jogador ainda defendia o Santos e durante a transferência para o Barcelona. O desembargador Carlos Muta, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, determinou o bloqueio de R$ 188 milhões do jogador.

Os crimes atribuídos a Neymar e Messi não teriam sido cometidos diretamente pelos craques, mas por terceiros que administram suas fortunas. Esses desvios representam pouco perto do que se pratica no mundo do futebol.

Os exemplos da rede de contravenção é o recente escândalo envolvendo os cartolas da Fifa, entidade que comanda o esporte mais popular do planeta.

Depois de uma série de indícios, o Comitê de Ética da Fifa decidiu suspender das atividades do futebol o presidente da entidade, Joseph Blatter, e o presidente da Uefa, Michel Platini, por 90 dias. O comitê afastou também Jerôme Valcke, que deixou o cargo de secretário-geral recentemente, após denúncias de envolvimento num esquema de venda de ingressos na Copa no Brasil.

A suspensão foi tomada após a abertura de uma investigação criminal contra Blatter por parte do Ministério Público da Suíça por supostas irregularidades num contrato de direitos de transmissão na América Central e em um pagamento de 2 milhões de francos (R$ 8,3 milhões) a Michel Platini.

Em maio passado, autoridades dos Estados Unidos levaram à prisão sete cartolas em Zurique, entre eles o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin.

Marin continua preso, mas ele não é o único ex-cartola da CBF investigado. Ricardo Teixeira, genro do ex-presidente da Fifa João Hevelange, também aparece nas investigações da Justiça americana. Entre as operações investigadas pelo Departamento de Estado estão contratos de patrocínio assinados durante a gestão de Teixeira na CBF, de 1989 a 2012.

Teixeira colocou à venda no mês passado a casa que tem em Sunset Island, um dos endereços mais luxuosos de Miami. O dirigente comprou o imóvel em 2012 da ex-tenista russa Anna Kournikova. Pagou 7,43 milhões de dólares (cerca de 28 milhões de reais, em valores atuais).

Os escândalos em série não são novidades para quem conhece um pouco o submundo do futebol. No Brasil, o chamado esporte nacional sempre serviu para todo tipo de crime financeiro, principalmente lavagem de dinheiro oriundo de contravenções, como o jogo do bicho.

O caso mais famosos é o do bicheiro Castor de Andrade, morto em 1997. Castor foi o mais badalado e poderoso banqueiro do jogo do bicho do Brasil. Foi presidente de honra e financiador do Bangu, sendo o responsável pela conquista do título de vice-campeão brasileiro de 1985, quando seu time perdeu para o Coritiba após histórica decisão por pênaltis, no Maracanã. Foi também patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba à qual ajudou a conquistar os títulos dos carnavais de 1979,1985,1990, 1991 e 1996.

Um dos poucos estudos sobre crimes financeiros através do esporte, o “Money Laundering through the Football Sector” (Lavagem de dinheiro através do setor futebolístico, em tradução livre), mostra que o futebol é o esporte mais usado para lavagem de dinheiro e evasão divisas no mundo.

A publicação da Financial Action Task Force (FATF) revela que muitos clubes continuam a existir, embora trabalhem constantemente no “vermelho”, por um motivo simples: justificar resgates financeiros.

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