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Crédito da foto: Fabio Pozzebon/Agência Brasil
Crédito da foto: Fabio Pozzebon/Agência Brasil| Foto:
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A leniência ética (ou conveniência ética mesmo) dos três principais partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) em relação às denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contrasta com a ferocidade das legendas em relação ao ex-vice-presidente da Casa, André Vargas (ex-PT-PR).

Para quem não lembra da história, vale um refresco. No dia 1º de abril de 2014, O jornal Folha de S. Paulo divulgou reportagem com base em investigações da operação Lava a Jato, da Polícia Federal, que mostravam que Vargas usou um avião arranjado pelo doleiro Alberto Yousseff para viajar de férias com a família.

Três dias depois, PSDB, DEM e PPS anunciaram que entrariam com um processo de cassação por quebra de decoro contra Vargas no Conselho de Ética. Mais quatro dias e a pressão foi tanta que Vargas precisou renunciar à vice-presidência. Em dezembro, foi cassado.

No princípio, porém, as denúncias contra Vargas eram baseadas em vazamentos pontuais das investigações, que ainda não estavam tão avançadas. Mais de um ano depois, elas foram confirmadas e o paranaense, preso e condenado pela Justiça. O que permite dizer que a oposição agiu bem.

Com Cunha, o comportamento é muitíssimo diferente. Desde o dia 3 de março de 2015, sabe-se que ele está na lista de investigados da Lava Jato com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal. Se for contabilizada essa data, são mais de sete meses consecutivos de vista grossa da oposição – que só se manifestou (timidamente) pelo afastamento de Cunha no dia 10 de outubro.

No dia 20 de agosto, a Procuradoria-Geral da República encaminhou denúncia formal ao STF contra Cunha por corrupção, devido ao suposto recebimento, entre junho de 2006 e outubro de 2012, de pelo menos US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda para a Petrobras. Por essa data, são quase dois meses de braços cruzados.

No dia 1º de outubro, apareceram as confirmações de que o Ministério Público da Suíça havia encontrado quatro contas de Cunha – cuja existência ele havia negado à CPI da Petrobras (fato que, por si, já é passível de cassação). A partir de então, houve o festival de novas informações, até do uso do recurso das contas pela mulher do deputado para pagar aulas de tênis nos Estados Unidos.

Vargas era muitíssimo menos importante do que Cunha na ordem da política nacional. E uma ferramenta bem menos relevante para a oposição. Enquanto ética for uma questão de conveniência, o país não vai para frente.

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