Eduardo Campos morreu sem dar tempo ao Brasil de conhecer como deveria um dos personagens mais interessantes da história política nacional. Nada na trajetória dele foi ordinário. Do início ao último capítulo.
Eduardo costumava dizer que nunca teve vida fácil. Ainda na barriga da mãe sobreviveu a uma difícil gestação de gêmeos. O irmão não teve a mesma sorte.
Mas esse ainda não é o começo de tudo. No final de março, eu e o repórter fotográfico Jonathan Campos fomos a Recife com uma difícil missão – produzir uma reportagem que mostrasse com profundidade quem era o jovem governador de Pernambuco que queria ser presidente. Descobrimos que, para decifrá-lo, era preciso mergulhar em mais de meio século de política nordestina.
O centro de qualquer narrativa sobre Eduardo passa pelo avô de Eduardo, Miguel Arraes. Eleito governador de Pernambuco em 1963, Arraes foi deposto um ano depois pelo regime militar. Tornou-se preso político e foi enviado para a ilha de Fernando de Noronha.
Quando estive em Recife, acompanhei uma cerimônia no Instituto Miguel Arraes sobre os 50 anos do golpe militar, uma das últimas agendas de Eduardo como governador. Acompanhado da esposa, Renata, e do recém-nascido quinto filho, Miguel, Eduardo preferiu não discursar. Deixou as palavras para o único irmão, Antonio Campos, que falou detalhadamente sobre o casamento dos pais.
O matrimônio só saiu porque a mãe, Ana Arraes, apelou pessoalmente ao Comando do Exército para que fosse permitida a presença do pai. Cem soldados armados com metralhadoras fizeram a escolta de Miguel Arraes. Libertado em 1965, ele passou 14 anos exilado na Argélia.
Nascido no mesmo ano em que o avô partiu para o exílio, Eduardo começou a fazer política na faculdade. Formou-se em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco em 1985 e, dois anos depois, virou chefe de gabinete do avô, na segunda gestão de Miguel Arraes (1987-1990).
Na sequência, teve uma ascensão meteórica. Em 16 anos, passou de deputado estadual a federal e de ministro de Ciência e Tecnologia a governador. Até que, em abril, renunciou para começar a campanha pelo Palácio do Planalto.
Arraes não acompanhou o auge da carreira do neto. Morreu no dia 13 de agosto de 2009, de uma infecção respiratória. Mesma data da tragédia que encerrou ontem a trajetória de Eduardo.
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