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Uma simples pergunta. Uma importante reflexão para alguns ou uma provocação para outros? Não importa. Mas que se faz necessária diante de uma nova era de transformação. Em um mundo instável e ultra conectado que exige protagonismo e inovação, com mudanças cada vez mais velozes e complexas e onde a automatização de tudo é exponencial, a chamada “quarta revolução” extinguirá empresas, negócios, profissões e escolas que não se adaptarem ou apostarem em criatividade, novos processos, conteúdos, comunicação e diversidade. Mas obviamente trará novas possibilidades, novos empregos, realidades e necessidades. Uma nova era que prefiro chamar de revolução do conhecimento, das relações, da colaboração e da criatividade.

O último relatório do Fórum Econômico Mundial, chamado “O Futuro dos Empregos” prevê que aproximadamente 7 milhões de empregos serão dizimados nos próximos cinco anos, apenas por conta do desenvolvimento da robótica, da inteligência artificial e da biotecnologia. Porém outros tantos novos aparecerão, já que até 2020 estima-se que 75% das 500 maiores empresas pela S&P serão empresas que nós nem conhecemos hoje. Um tanto quanto assustador, confesso, e até difícil de acreditar. Mas é fato que profissões até então estáveis por décadas se tornarão obsoletas nos próximos anos e serão substituídas por tecnologias modernas que cumprem funções rotineiras, técnicas, administrativas em praticamente todas as áreas. E todos nós seremos impactados. Do setor industrial altamente robotizado, à área da saúde, pela telemedicina, aos setores de transportes pelos veículos inteligentes, à energia, construção civil e serviços financeiros com novos processos.

Inovações de impacto surgem a cada dia para beneficiar aqueles que se adaptam, se aprimoram e investem em conhecimento. Mas castigam aqueles que resistem a mudança e preferem a negação do óbvio e o conforto da ilusão de que “em time que está ganhando não se mexe”. Uma revolução que demandará profissionais mais qualificados, versáteis, criativos e que produzam ideias novas e não apenas repitam as velhas. Domenico De Masi já dizia que, países de primeiro mundo seriam aqueles criadores e produtores de ideias, conteúdo, tecnologia e conhecimento, e não somente aqueles vendedores de matéria prima ou bens de consumo.

Mas o que tudo isso tem a ver com a educação, nossos filhos e professores?

Tudo. Afinal são eles, crianças e jovens, os filhos dessa revolução que acontece nesse exato instante. E seus pais e professores, os principais mentores. Em uma recente entrevista sobre profissões do futuro pela Folha de São Paulo, o pesquisador Silvio Meira comentou: “A profissão do futuro é escrever software. Veja a figura do professor criativo, que cria o material, o método. O que repete o material na sala de aula não está no futuro. O que cria, está. Simples assim.”  Entendamos por “software” não apenas o sentido tecnológico da palavra como estamos acostumados, mas sim, e essencialmente, pela nossa necessidade e capacidade de criar e produzir ideias, gerar e adquirir novos conhecimentos, nos adaptarmos e produzirmos o novo. Pouco adiantará um hardware novo, uma escola ultra moderna e estruturada, com um software velho, métodos e professores desatualizados. O discurso, sem a essência. E para isso velhos padrões, comportamentos e processos precisam ser quebrados na escola e até em casa, afinal somos todos educadores. E toda mudança gera desconforto, desconfiança, medo e até preguiça a muitos. David Kelley (fundador da IDEO e professor em Stanford) me disse algo que nunca esqueci: “inovação para acontecer precisa ser aceita pelas pessoas, do contrário ela não acontece e todos se iludem de que não há mudanças ou problemas a resolver e assim permanecem repetindo o mesmo.” Só não vê quem não quer.

Por isso minha preocupação diante desse novo cenário está para as novas gerações, das minhas filhas e dos seus. Certezas, profissões, conteúdos e estabilidades de hoje desaparecerão num futuro breve para todos eles. E por isso a figura do professor nesse novo mundo torna-se cada vez mais crucial na vida e no futuro dessas crianças e jovens. Esse profissional permanecerá na essência dessa transformação da escola de hoje e do futuro, e não o vejo entre os que desaparecerão em função da tecnologia e da inovação. Desaparecerá por não se adaptar, por resistir, não reavaliar posições, viver no passado e não ser capaz de pensar também com a cabeça de cada aluno, não apenas com sua própria.  O ambiente de uma escola inovadora, atenta aos desafios contemporâneos, necessitará desse novo professor. Tão humano como sempre foi, porém com novos softwares. Afinal num mundo em que a criatividade, a inteligência social e emocional e a capacidade de se adaptar são tão raros e valorizados, se exige do novo professor muita capacidade de se relacionar verdadeiramente com cada aluno e acessar o seu melhor. Entender e respeitar suas individualidades e talentos, e incendiar sua curiosidade e inteligência.

Vejo que a família e a escola estão em meio a um ponto de ruptura e transformação sem volta. No qual valores, princípios e tradições podem e devem ser mantidos e perpetuados em casa, nas relações sociais e na escola. Entretanto, o diverso, as ideias e o novo devem ser exaltados. Não se trata de negar o tradicional, mas negligenciar o contemporâneo pode significar a condenação de nossos filhos, que enfrentarão um mundo muito mais exigente de flexibilidade, versatilidade, capacidade empreendedora, ousadia e criatividade. Será que nossas velhas escolas e professores que pouco inovam, também desaparecerão do mapa entre esses quase 7 milhões de empregos? Ou se pouco mudou de um século para o outro, velhas práticas, métodos e conteúdos do passado continuarão a ensinar os filhos do futuro?

*Artigo escrito por Jean Sigel, especialista em Marketing, Comunicação e Inovação, e co-fundador da Escola de Criatividade. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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