No último dia 2 de Abril foi comemorado o Dia Internacional do Autismo, data criada pela ONU com objetivo de conscientizar a sociedade acerca de um tema tão importante e que a cada dia merece mais atenção. Prova disso, são os dados que a Organização Mundial de Saúde estimou em 2013: uma prevalência de 1:160 indivíduos com autismo, número muito superior ao verificado em épocas anteriores. Com base nestes dados, um ponto crucial vem à tona: quais os desafios na educação para crianças e adolescentes com autismo?
É consenso entre todos os especialistas da área que o diagnóstico precoce é fator fundamental para o sucesso no tratamento e evolução do ensino da pessoa com autismo. Segundo Juliana Paula Mendes, diretora da Escola Alternativa / Modalidade Especial, instituição filantrópica especializada nos Transtornos Globais do Desenvolvimento, o desafio do ensino para a pessoa com autismo é receber o diagnóstico desde cedo, e ter um currículo adaptado com os conteúdos formais e funcionais que uma criança autista precisa. Ou seja, além das disciplinas que normalmente são lecionadas em uma escola regular, é necessário o ensino adaptado com outros conteúdos funcionais, que muitas vezes são de grande dificuldade para uma pessoa autista, como, por exemplo, ir ao banheiro ou como se portar em uma refeição. A adaptação curricular para a especificidade de cada indivíduo, realizada nas Escolas Modalidade Especial, fazem toda a diferença na evolução desses educandos.
Porém, essa necessidade esbarra em um problema crônico: a falta de vagas em instituições especializadas gratuitas. É o caso da própria Escola Alternativa / Modalidade Especial, onde existe uma fila de espera de inúmeras famílias por uma vaga. “Diariamente ligam três ou quatro mães querendo matricular o filho na instituição, porém não temos como atender essa demanda”, relata Juliana. Essa espera pode comprometer muito o desenvolvimento da pessoa autista. Foi o que vivenciou Rosimeri Benites, fundadora da AAMPARA (Associação de Atendimento e Apoio ao Autista), primeiro centro gratuito especializado em autismo de Curitiba. Após o nascimento de sua filha Beatriz, Rosimere iniciou uma incessante busca por diagnóstico, e quando finalmente obteve, viu as grandes dificuldades para a adaptação da criança no ensino regular. Somente quando Beatriz completou oito anos, depois de muito peregrinar em busca de tratamento e ensino especializado, Rosimere conseguiu uma vaga na Escola Alternativa / Modalidade Especial. Hoje, com 16 anos, a evolução de Beatriz é visível.
O trabalho realizado pelas Escolas na Modalidade Especial para a inclusão da pessoa com deficiência é de fundamental importância para a sociedade. Por outro lado, o apoio que estas instituições precisam para atender mais e melhor essas pessoas deve vir também de toda a sociedade. Que neste mês de Abril, do Dia Mundial do Autismo, nós possamos enxergar uma grande oportunidade de incluir ou ajudar essas pessoas tão especiais e as instituições que as atendem e fazem um trabalho fantástico.
*Artigo escrito por Diego Tutumi Moreira, formado em economia pela UFPR. É fundador da Ação Social para Igualdade das Diferenças – ASID, organização social que trabalha para melhorar a gestão das escolas de educação especial gratuitas, resultando na melhoria da qualidade do ensino e na abertura de vagas no sistema. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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