Existe uma velha e conhecida ideia de que “saber é poder”. Vários pensadores, de Platão e Aristóteles a Francis Bacon ou Michel Foucault, defendem uma relação muito próxima entre as informações que constituem o saber e o poder decorrente dele. Toda pessoa bem informada é poderosa. Em nossa sociedade, ser cidadão é também deter um poder, que se constrói pela participação democrática. E isso vai muito além de votar durante as eleições. É exercer um poder cotidiano.
A participação democrática da sociedade é um direito garantido pela Constituição Federal. E ultrapassa o fato de escolher um representante, pois prevê acompanhar de perto os escolhidos. Portanto, esse poder se concretiza em ações de monitoramento, fiscalização, avaliação e interferência. Processos que ocorrem tanto em relação ao poder político e gestão pública, como em relações institucionais e atividades sociais cotidianas. Mas só é possível desenvolver tais ações tendo informação. Quem não sabe o que acontece ao seu redor não tem condições de participar.
A mídia, nesse sentido, facilita a participação da sociedade ao colocar em comum os diversos temas da vida pública. E, ao lançar uma luz sobre os aspectos da cidadania e da política, contribui para que cada leitor ou telespectador assuma seu poder de cidadão. Com isso é possível perceber a relação de dependência entre informação e exercício de cidadania.
Os ambientes educacionais, a família, o trabalho, o círculo de amizades, por sua vez, são espaços onde se propõe cotidianamente exercícios de cidadania. Para muitas pessoas, participar significa cobrar melhorias, ou seja, buscar qualidade. Não é possível praticar qualquer busca de melhoria sem antes compreender a situação e o contexto em que se vive. É necessário articular diversas informações em função de construir um entendimento eficaz capaz de se traduzir em prática cidadã.
Professores lançam mão deste recurso quando acompanham, fiscalizam, avaliam e interferem nos programas e políticas públicas educacionais, bem como nas relações escolares em que estão inseridos. Estudantes fazem isso quando avaliam sua escola, sua aprendizagem e pensam na transformação da sua comunidade. E todos o praticam quando atuam diante das políticas comunitárias, municipais e nacionais.
É preciso incentivar, inovar e consolidar posturas críticas e conscientes que impactam toda a sociedade. Saber de tudo isso traz um grande compromisso. Afinal, cidadania se faz todo dia. Por isso, também é preciso se informar cotidianamente.
Everton Renaud é filósofo e gestor de projetos educacionais que atuam com mídia e educação no Instituto GRPCOM.
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