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Eleições 2023 nos EUA: como disputas locais podem afetar o cenário nacional
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Ainda que não seja ano de eleições gerais nos Estados Unidos, três estados terão neste ano suas disputas para decidir quem residirá no palácio do governador. São eles:

  • Kentucky - o atual governador democrata, Andy Beshear, está concorrendo à reeleição

Em 2019, procurador-geral do Kentucky, Andy Beshear - um democrata moderado, essa espécie em extinção -, chocou os observadores políticos ao derrotar o então governador republicano em exercício, Matt Bevin, apesar da profunda inclinação do estado em prol do partido do elefantinho. Bevin era extremamente impopular, e seus momentos negativos mais notáveis incluem travar uma guerra com sindicatos de professores e culpar série televisivas de zumbis pelo tiroteio em massa de Parkland. Apesar de ser classificado como o governador menos popular do país em 2019 (por pesquisa da Morning Consult), ele ficou a apenas 0,4% de derrotar Beshear.

Como era de se esperar, o democrata dominou Bevin nas áreas metropolitanas de Louisville e Lexington, além de superar o desempenho de Hillary Clinton nos subúrbios de Cinncinatti e na área carvoeira do leste. Apesar do excelente primeiro mandato de Beshear e de seu título de governador democrata mais popular do país, os republicanos sentem que encontraram um candidato à altura da tarefa de reconquistar o governo no Estado. Esse homem é o atual procurador-geral, Daniel Cameron. Cameron recebeu o endosso do ex-presidente Donald Trump e deve entrar forte nas primárias republicanas de 16 de maio. Sua maior concorrente dentro do partido deve ser Kelly Craft, ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas.

A eleição geral de novembro será, novamente, uma batalha entre questões locais e nacionais. Beshear espera resistir ao envolvimento do presidente Donald Trump na corrida e manter a disputa focada nas questões do Kentucky. A maioria dos analistas políticos considera esta corrida como uma disputa em aberto e excepcionalmente acirrada.

  • Lousiana - o atual governador democrata, John Bel Edwards, não pode mais concorrer

Com o democrata conservador John Bel Edwards impedido de concorrer à reeleição, o gabinete do governador da Louisiana é a melhor oportunidade do republicanos de virar um cargo importante de azul para vermelho em 2023.

Devido ao fato de os democratas terem uma bancada parlamentar muito fraca nesse estado quase que inteiramente vermelho, a maior parte da atenção da mídia local tem se concentrado nos preparativos para as primárias republicanas. Ambos os senadores da Louisiana em exercício - John Kennedy e Bill Cassidy - flertaram publicamente com uma candidatura ao governo do estado antes de anunciarem que não disputariam o cargo. Cassidy é considerado um moribundo político graças ao seu voto, em 2021, a favor do impeachment de Donald Trump. Ninguém acredita em sua reeleição, ainda que seu mandato só termine em 2026. Já Kennedy é uma figura extremamente popular no estado. Ele anunciou recentemente que deixaria de concorrer ao cargo de governador.

O atual favorito é o procurador-geral da Louisiana, Jeff Landry, que rapidamente ganhou o endosso do Partido Republicano no estado. Outros republicanos que consideram a possibilidade de concorrer ao cargo de governador criticaram esse endosso inicial, acusando-os de "interferir no processo democrático". Ainda assim, ele poderá enfrentar o deputado estadual do sexto distrito, Garret Graves, que tem dado indícios de que pretende concorrer. Caso isso não aconteça, é quase certo que Landry será o candidato republicano nas eleições de 18 de novembro.

  • Mississippi - o atual governador republicano, Tate Reeves, está concorrendo à reeleição

Ao mesmo tempo em que os republicanos esperam virar o governo estadual de azul para vermelho nos estados de Kentucky e Louisiana, o plano no Mississippi consiste em jogar na defesa. O governador Tate Reeves concorrerá a outro mandato e espera enfrentar menos resistência do que teve quatro anos atrás. Na época, Reeves derrotou o democrata Jim Hood por uma margem muito abaixo da esperada de - cerca de 5% - em 2019, ficando bem abaixo dos resultados de Trump em 2016. A maioria dos analistas políticos achava que Reeves cruzaria um céu de brigadeiro rumo à reeleição, mas ele terá um desafiante de peso no lado democrata, Brandon Presley.

Presley é um democrata moderado da parte nordeste do estado, que ocupa um cargo de membro da Comissão de Serviço Público do Mississippi desde 2008. Com os atuais índices de aprovação de Reeves, que estão surpreendentemente abaixo do esperado, não faz sentido considerar essa disputa como resolvida. No entanto, dada a forte inclinação republicana do Mississippi e as tendências de votação com alta polarização racial, Reeves é o forte favorito para a vitória. As pesquisas futuras dirão se essa disputa é realmente competitiva e se o partido democrata investirá na campanha de Presley.

Neste momento atual da política americana, com uma polarização sem precedentes e um distanciamento cada vez maior entre as propostas dos partidos democrata e republicano, as disputas pelos estados ganham mais importância ainda, já que é nos Estados que se dão grandes batalhas legislativas e, mais que isso, é nos Estados em que se definem as regras eleitorais locais. O que se faz nos estados é refletido diretamente nas eleições gerais. Por isso, vale a pena acompanharmos essas disputas.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
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