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Augusto de Prima Porta,
estátua em homenagem ao imperador romano César Augusto, exposta hoje nos Museus do Vaticano.
Augusto de Prima Porta, estátua em homenagem ao imperador romano César Augusto, exposta hoje nos Museus do Vaticano.| Foto: Wikimedia Commons

Com o novo governo a sem-vergonhice tomou conta de Brasília. E com ela aumentou o descrédito das instituições de Estado. O governo não tem popularidade, não tem base parlamentar (a não ser a que comprou), não tem plano de segurança, não tem noção básica de economia, não tem gente capacitada ao seu redor, interfere em empresas estatais, apoia e é apoiado por terroristas, narcotraficantes, ditadores e corruptos de toda sorte e está promovendo reformas para centralizar ainda mais o poder nessa turma incapacitada de Brasília; nas mãos de seu grupo de imprestáveis.  

O aparelhamento das instituições por camaradas “inempregáveis” garante que essa laia sempre sobreviva e quando caírem, cairão para cima no comando de alguma instituição importante.   

Por consequência, a nuvem cinza de desgaste que acompanha esse governo se alastra em todas as instituições. Todas. Sem exceção. O resultado é óbvio: nenhuma delas hoje tem autoridade moral e jurídica para limitar os danos causados pelo grupo criminoso. O Judiciário, o Itamaraty, a Polícia Federal, as Forças Armadas, a Saúde, a Educação, e as diversas agências reguladoras se tornaram cúmplices e não limitadoras do desgaste.  

Mas isso não é novidade para ninguém. O destaque é válido para apontar um sintoma de algo mais profundo: perdemos as referências da decência. Nada no Brasil de hoje se interessa em preservar a integridade, a boa conduta, a sanidade ou o respeito. Não há líder, grupo, mídia ou instituição pública que represente a decência.  

Nesse contexto em que nada representa o que é, foi ou será, a sociedade fica sem bons exemplos de conduta e de comportamentos positivos, e se deteriora em depravação, crime e desordem. É vergonhoso, mas a crise moral é tão grande que nem há a quem se envergonhar. Não há mais aquele grupo de referência que todos respeitavam que aparecia vez ou outra para dizer o que é certo ou errado.  Não temos sequer o “para inglês ver” pois ninguém mais se importa – o mundo não está nem aí se o Brasil afundar no próprio lodaçal. 

Esse vácuo é, sempre foi e sempre será, da aristocracia – se tivéssemos uma; ao menos uma nova aristocracia que se reconheça como tal e assuma sua função. 

Classe opressora ou salvadora?  Em grego, aristocracia significa o governo dos melhores. Entende-se seu significado como os mais capacitados e comprometidos com a ideia de proteção do território e cultura daquela sociedade. Assim, a aristocracia nasce do senso de dever e de necessidade de proteção que evoluiu gradualmente da revolução agrícola iniciada há 10 mil anos e do senso de propriedade privada e defesa de territórios que acompanhava. Os primeiros aristocratas eram fazendeiros guerreiros, os que protegiam o território, as fazendas e tudo o que gerava alimento e vida contidos ali. 

Nesse contexto em que nada representa o que é, foi ou será, a sociedade fica sem bons exemplos de conduta e de comportamentos positivos, e se deteriora em depravação, crime e desordem

Na Grécia antiga, os fazendeiros elegiam os arcontes – os mais sábios, que faziam as leis da terra à medida que esta recebia cada vez mais imigrantes. Na República Romana, 500 a.C, os aristocratas eram os fazendeiros que se revoltaram e depuseram os reis etruscos, formando uma nova aristocracia, que depois veio a formar o Senado romano. Portanto, inicialmente, o Senado era composto exclusivamente por aristocratas guerreiros que se levantaram contra seus opressores. 

Mais tarde, no Império Romano, temos um aristocrata que veio resgatar a ideia da República romana, César Augustus, o Otaviano. Sua intenção era restabelecer os mitos, valores e missão dos fundadores da antiga República romana, e em seu entorno se formou uma nova aristocracia.  

Assim como ele, há vários exemplos de generais aristocratas que se apresentaram ao longo da história da República Romana, como Cincinato; ou no Império Romano, como Sula: aristocratas em defesa de princípios e não de poder. Não eram corruptos, nem materialistas e todos estavam focados em acabar com a desordem e depravação para dar continuidade positiva à civilização romana de que faziam parte. 

Na Idade Média cristã, o conceito atinge a maturidade com a criação de símbolos que representam essa força de defesa de território, seus governantes e população. Ao final da Idade Média e na transição para o Estado Moderno, os aristocratas ainda eram formados pelo clero, pelas famílias proprietárias de terras e pelas forças armadas.    

Entretanto, com o advento do Estado Moderno, ocorre a substituição da aristocracia por uma nova força avassaladora: a burocracia. A burocracia do Estado Moderno deslocou a aristocracia para fora do poder público e promoveu seus próprios agentes no lugar. E é quando o problema da falta de referência moral começa.  

Burocracia não cria aristocracia:  em que pese o fato de que a burocracia é composta por seres humanos, ela incentiva a criação de agentes tecnocráticos, anônimos e desvinculados de compromissos com tudo que não seja suas próprias regras – isso inclui crenças, costumes e hábitos da sociedade. Não é um ataque, é uma caracterização. A burocracia é para executar o conjunto de regras que de fato exerce o poder sobre a população. 

Observamos no Brasil a nítida falta de dever moral em todas as instituições que pensávamos ter maior compromisso com o país e hoje não são dignas do respeito por uma expressiva parcela da opinião pública. Certamente não virá delas nenhuma saída para o país.

Não é por menos, a burocracia é um mecanismo do racionalismo de Estado e não do idealismo da sociedade; ela instrumentaliza seus agentes para agirem em prol dos interesses de seus comandantes e, na ausência deles, das regras que as regem - não necessariamente em favor dos valores do país ou da sociedade. 

Ou seja, o que se nota após mais de 100 anos de Estado Moderno é que a burocracia não cria uma aristocracia, mas sim uma oligarquia com interesses e incentivos próprios. Se é assim agora imaginem uma burocracia na qual os seres humanos são substituídos pela tecnologia.  

Então, onde está a nova aristocracia? É certo que toda população sempre procura se orientar pelos mais sábios, experientes e oriundos da sua mesma realidade. Mas se a Aristocracia não está mais no comando das instituições de Estado, onde está? Na sociedade, nos pais e mães, avôs e avós com instintos de defesa aflorados e com plena consciência do problema e de sua missão. 

Os países desenvolvidos que passaram por levantes e revoluções há 200 anos, hoje têm uma sociedade herdeira dos que lutaram no passado. Eles ecoam as conquistas por um regime mais aberto forjado pelas lutas das sociedades conscientes de seus antepassados.  Sim, todo regime antes conduzido por uma aristocracia pode regredir para uma oligarquia tirânica e cair de seu pedestal de prestígio com muita facilidade. 

É o que acontece quando a aristocracia se distancia da sua missão de fidelidade com sua família, seu povo e seu país. É o caso dos reis que padeceram em levantes populares nos últimos 300 anos na Inglaterra, França e Rússia, dentre outros; todos caíram, pois, se tornaram um poder opressor, frio e distante, muito similar ao de uma Oligarquia.

O que vimos no Brasil nos últimos dez anos foi uma revolução de consciência e conhecimento dos sistemas que nos governam. Essa é a geração que acordou para testemunhar a tirania de Estado que se impõe e opera livremente pela burocracia. Essa é a parcela da sociedade consciente, a nova aristocracia do Brasil.  É uma consciência libertadora desvinculada de origem, status, sexo, raça ou condição social e que influencia a quem estiver aberto a ver o óbvio para se levantar e defender o que é certo.   

Resumo da ópera:  o governo atual é mero reflexo do final de um longo ciclo mais profundo que criou a realidade em que vivemos. É o fim da esquerda que vimos surgir no século 20. Não tem moral, decência nem compromisso com o destino da sociedade brasileira e do Brasil. As propostas do governo estão vencidas, assim como as narrativas socialistas e comunistas que alteraram nossa constituição e criaram as instituições burocráticas que nos comandam e sugam nossa renda, oportunidades e propriedade. Todos não servem mais. 

Por sua fraqueza e falta de legitimidade, o governo e seus apoiadores no Judiciário contaminaram todo o sistema político para sobreviver. Assim, perseguir opositores e solidificar o comando que detém das instituições tornou-se fundamental. Mas as rachaduras no sistema de controle já estão visíveis. O que falta para o rompimento é a sociedade se organizar e mobilizar-se; o fruto está maduro.  

Como uma nova aristocracia que se conscientizou de sua função de liderança nesse processo de mudança, o objetivo é abrir o sistema, lutar por soberania popular como a primeira semente no caminho para os sete poderes. Riscos existem, mas a alternativa é pior: o reforço de um sistema ditatorial, alicerçado no narcotráfico e na corrupção. 

A consciência traz a visão da realidade em que vivemos e ela impõe uma grande responsabilidade de proteger os pequenos e os desavisados. Os mais indignados dentre esses novos aristocratas sabem que é nessa geração que eles terão o privilégio de lutar pela liberdade. 

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
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