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democracia
Governo usou o aniversário do 8 de janeiro para se vender como defensor da democracia, enquanto seus opositores são sempre os antidemocráticos.| Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Conforme previa quem tem acompanhado o desenrolar do Estado de exceção que se instalou no Brasil desde, pelo menos, 2019 com o inquérito das fake news aberto de ofício no Supremo, o evento “democracia inabalável” tratou de mais um passo na consolidação de uma ditadura que já é indisfarçável. Antes de prosseguir, recorro a um perfeito resumo feito por Percival Puggina da confraternização petista com o Supremo Tribunal Federal e a cúpula do Congresso Nacional na comemoração que fizeram de um ano do trágico 8 de Janeiro:

“A manifestação de Alexandre de Moraes pode e deve ser entendida como todas as suas declarações anteriores: é uma declaração de guerra. Ele simplesmente gastou os adjetivos depreciativos, destilou todo seu ódio, prometeu todas as penas. Condenou a misericórdia. Parecia um general instigando suas tropas para um combate sem trégua. Depois dele, Barroso falou aos ventos pedindo pacificação dos espíritos e uma política sem ofensas pessoais. As ofensas de Xandão tem objetos multitudinários! A oligarquia ali presente apoiou Xandão e não apoiou Barroso”.

É fundamental documentarmos ao máximo, para o Brasil e para o mundo, o que se passa na nossa nação e não desistir jamais.

De fato, como havia previsto em artigo publicado na Gazeta no último sábado, foi “a festa da tirania. […] Em vez de inacabada, nossa democracia está sendo vilipendiada, abusada. Violentada”. Chegou a tal ponto a situação que já não se trata mais de democracia, apesar das premissas constitucionais. Como diz Puggina, há hoje uma espécie de oligarquia no poder que, definitivamente, se beneficia do ocorrido no 8 de Janeiro.

Além de ter contribuído para que os eventos criminosos ocorressem por meio de grave omissão e apagão generalizado, vídeos do dia 8 no Planalto mostraram até mesmo a contribuição do governo para que a baderna acontecesse. O então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, quando vieram os vídeos a público, acabou demitido – nem sua amizade com Lula conseguiu segurá-lo na cadeira. Finalmente, mais de 40 órgãos do governo haviam alertado para uma possível invasão de prédios públicos dias antes do ocorrido. Como eximir Lula e Flávio Dino de responsabilidade? Impossível!

Não obstante, o teatro montado nesta semana demonstra que a desfaçatez é regra e conta com o apoio do Judiciário. As histórias de centenas de presos ilegalmente, por perseguição política e sem qualquer garantia ao devido processo legal, e as condenações absurdas que estão sendo aplicadas a pessoas contra as quais não há provas concretas de depredação ou de que estariam efetuando um golpe de Estado, são claras demonstrações de que vivemos uma ditadura que já não se pode disfarçar.

Alexandre de Moraes, em mais uma de suas “declarações de guerra” como afirma Percival Puggina, não quer paz nem, tampouco, justiça – apesar de ser a primeira coisa a se esperar de quem é juiz. Uma das poucas certezas que o evento de comemoração de um ano do 8 de Janeiro, promovido pelo petismo e pelo STF, e co-patrocinado pela oligarquia reinante, é que a perseguição política vai continuar. Pior: deve, inclusive, aumentar.

Cabe aos democratas dessa nação manterem a guarda alta, pois com ditaduras não se brinca. Por essa razão é fundamental documentarmos ao máximo, para o Brasil e para o mundo, o que se passa na nossa nação e não desistir jamais. É apenas no vácuo e na inação dos homens bons que os maus prosperam e vencem.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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