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Matrix
| Foto: Bigstock

"Uma proteína unicelular, vitaminas, minerais e coloides de aminoácidos", Matrix 1. Foi o que Neo ouviu a respeito da gororoba servida aos tripulantes do aerodeslizador.

“É tudo que precisamos”, disse alguém.

Minutos antes, Cypher, o traidor, era subornado pelo Agente Smith com um bife malpassado, vinho e charuto - todos simulados - , para enganar o cérebro do patife.

Nos filmes de ficção, nos dados da FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - e na literatura científica/especulativa, o futuro da alimentação humana é sinistro. A catástrofe alimentar e ambiental aconteceria nos anos 30 deste século. Logo ali, visto de hoje.

Matrix é de 1998.

Pouco antes, participei de um fórum na Unicamp sobre escassez global de alimentos conforme projetado pela FAO. Na época o trigo era tido como péssimo alimento, tolices saídas do livro “O perigo do glúten”, de Braly e Hoggan e ao mesmo tempo adotado como instrumento nutricional de saúde pública, um grave paradoxo, dentre muitos outros.

Minha apresentação no fórum mostrava que a aditivação obrigatória de ferro e ácido fólico melhorou os índices de anemia e coluna bífida fetal.

Matrix
| Reprodução

E sobre o futuro da alimentação humana, o que se debatia? O mesmo de hoje.

Agricultura de subsistência próxima do consumidor, baixo impacto ambiental e alto custo, contra agropecuária de produtividade, tecnologia e custo baixo. Não precisou muito para perceber que ambas são compatíveis e complementares.

A diferença do ontem para hoje é que a satanização dos transgênicos foi substituída pelo temor com que alguns países do primeiro mundo veem a expansão dos nossos limites territoriais de produção de grãos e proteínas animais.

A monumental façanha de produzir em áreas tropicais exige cada vez mais apoio do primeiro mundo aos seus produtos de campo. O agro, no primeiro mundo, representa algo como 5% do PIB, está deixando de ser barato para ser subsidiado, aqui já ultrapassou 15%, sem subsídios relevantes.

Para ilustrar produzimos em 1998, 80 milhões de toneladas de grãos. Esse ano serão 320 milhões, 200% a mais em uma área que cresceu 70%. A população em 1998, 171 milhões, em 2023, pelo censo oficial do IBGE, 203 milhões, aumento de menos de 30%. O excedente (200 milhões de toneladas), já considerado o crescimento da população, é exportado. Isso não existia no radar FAO, nem de ninguém.

O Brasil passou a ser determinante na geopolítica global, não por armas nucleares ou emissão de dinheiro sem lastro, mas pelos alimentos que produz, com altíssima tecnologia e produtividade. Safras contínuas, produção ininterrupta, não importa a estação do ano.

Seremos, assim, o futuro da alimentação global, com fartura e baixo custo?

Ou viveremos com a ração de Neo em Matrix?

Nem um, nem outro.

Na próxima coluna trataremos da engenharia genética, da importância da indústria de no futuro da nossa alimentação e da disputa imperial entre China e EUA e suas consequências em nossas rações diárias.

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