• Carregando...
House of Cards é entretenimento!

House of Cards é entretenimento!

Alerta de Spoiller para o presente post!!!

A terceira temporada de House of Cards começou, e já de início está conseguindo trazer ao debate um aspecto importante (além do fato de que política é política independente das suas fronteiras): reeleição pode ser um formato prejudicial à governança de um país.

Como todos já perceberam Frank Underwood é um político que não precisamos procurar muito para achar muitos iguais a ele quando se trata de ausência de escrúpulos, em termos de inteligência talvez tenhamos que procurar um pouco mais fundo. Embora um dos pontos centrais do início da terceira temporada seja a luta desenfreada na busca pela reeleição, o seriado acaba sendo um grande manifesto contra esta.

Determinado em construir um legado que consiste em aprovar um programa que gere empregos, a despeito dos impactos em outros setores, o presidente dos Estados Unidos, que é retratado como um refém da política e dos políticos, é informado pelos seus colegas de partido que não será apoiado em sua candidatura à reeleição, fazendo com que o objetivo de seu governo, com 18 meses de mandato ainda porvir, passe a ser a reeleição, deixando tudo em segundo plano.

As estratégias para alcançar a reeleição tem início com um discurso à nação que é um verdadeiro manifesto contra a reeleição, ressaltando todas as concessões que todos os presidentes tiveram que realizar durante um período de marginalização de projetos efetivos  em nome da manutenção do poder e ao custo do congelamento do Estado.

Logo na abertura do seu discurso à nação, embora esteja objetivando convencer ou forçar (não se faz muita distinção entre este dois verbos) seus colegas a apoiarem a sua reeleição, Frank Underwood escancara um dos mais nefastos aspectos da política em tempos de reeleição, o egoísmo daqueles que buscam a manutenção no cargo (luta por cargos é algo muito comum no Brasil hoje, diria eu, o grande resumo da política curitibana, paranaense e brasileira em geral).

 

Frank Underwood falando ao povo do Estados Unidos em cadeia nacional de televisão“Boa noite. Por muito tempo, nós aqui em Washington temos mentido para vocês. Nós dizemos que estamos aqui para servi-los, quando na verdade estamos aqui para servirmos a nós mesmos. E por quê? Somos levados pelo nosso desejo de reeleição. Nossa necessidade de continuarmos no poder ofusca o nosso dever de governar.”.

 

House of Cards mostra que reeleição tem preço (não que isso não seja evidente até mesmo no Brasil), e o preço envolve concessões, afastamento de programas importantes ao governo, dispêndio de tempo e energia política, o que certamente atrapalha o mais importante que é governar!

Não nego que mesmo se abolida a reeleição continuaríamos a ter uma luta escancarada pelo poder, mas não teríamos, por outro lado, um presidente mais preocupado em buscar apoio do que em governar, pois há sim um sentimento de fidelidade partidária, mas acima disso, a natureza humana tem cada vez mais dado demonstrações de que o sentimento coletivo do político vem só depois de seu egoísmo, individualismo e vaidade.

House of Cards é uma obra ficcional que retrata a realidade política nos Estados Unidos e que, obviamente, possui os exageros necessários a um trama televisiva, porém pode nos trazer certas reflexões que muitas vezes não estão muito longe do nosso quintal.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]