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A luta do Estado Islâmico não é somente contra cristãos, mas contra tudo aquilo que se coloca entre eles e a sua luta contra uma distorcida percepção da derrocada dos valores morais que anunciam a chegada do Dajjal (anti-cristo), seja o homossexualismo, o cristianismo, a arte ou a história. A destruição da memória, para os seguidores do ISIS, representa parte de uma Jihad que tem como alvo não somente seres humanos, mas representações de percepções de mundo que não estejam alinhadas com o ideário do Estado Islâmico.

Nesse sentido, segue a colaboração de Laiza Mazzarotto sobre a luta do Estado Islâmico contra a memória.

 

Por Laiza Mazzarotto

 

Não apenas pensamentos que jamais serão pensados e nem menosprezando as vidas que jamais serão vividas, o nazismo também ocasionou a perda, inestimável, de partes da história já escrita. A vida contada através da arte foi perdida, queimada, destruída, pois a arte foi considerada crítica ou desviada do padrão do regime nazista.

É fato que a guerra contra judeus já existia séculos antes de Hitler, contudo ao analisar de perto as terríveis práticas nazistas e de grupos terroristas se faz possível perceber certas semelhanças entre elas. Conforme o artigo publicado em Julho de 2005, no The Wall Street Journal pelo jornalista Ian Johnson para entender a conexão entre os nazistas e os grupos terroristas é preciso entender que a cidade de Munique foi ocupada por muçulmanos nazistas que permaneceram na Alemanha Ocidental no pós guerra. Na década de 60 o objetivo dos líderes mulçumanos era reformar a mesquita afim de demonstrar a estabilização da comunidade mulçumana no local. Logo em seguida a irmandade mulçumana toma conta da mesquita e com financiamento saudita e sírio começa a propagar a ideologia islâmico-fascista convocando membros para a guerra santa (jihad) e o domínio do mundo.

Al Qaeda, Hamas, Jihad Islâmica egípcia e outros possuem práticas que aproximam à queima dos livros em 1933 pelos nazistas. O Estado Islâmico, por sua vez, fundado em 2013 como braço da Al Qaeda não seria, não é, diferente. O Estado Islâmico, foi considerado extremista demais pela própria Al Qaeda que se desligou do grupo, além de pregar o ódio aos judeus já atacou o museu de Mossul no Iraque, destruindo artigos inestimáveis e únicos como esculturas, livros e estátuas datados do Séc.7 a.C. Não apenas objetos, o grupo terrorista também ataca tradições, relações culturais que também constituem patrimônio histórico. Ressalta-se que as perdas culturais ocasionadas por ataques desta índole não furtam valor histórico apenas para o povo daquela localidade, mas para toda a humanidade.

É impossível negar que existem novos atores nas relações internacionais e ignorá-los poderá resultar em uma ruína histórica. Talvez, a falta de um governo internacional estruturado permite que novos atores, como o Estado Islâmico ditem terror contra povos, culturas e religiões, enquanto o resto do mundo está preocupado com seus próprios interesses e ganhos. Pode ser que apenas através desse cenário tão desastroso seja possível ver países antes inimigos se tornem aliados na busca por um objetivo comum e realista a ausência de guerras declaradas ou até mesmo afim de evitar a destruição do mundo já que o Estado Islâmico pretende “dominar o mundo”.

Se o passado de um povo é apagado, não é possível que esse mesmo povo sonhe com um futuro, saiba quais são suas raízes. A história não pode ser escrita quando parte do passado é apagado. É preciso que toda a humanidade lute para proteger a história, afinal como ela mesma seria contada se ao mesmo tempo em que novos capítulos são escritos, velhos são apagados.

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