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Apoiadores de Israel agitam bandeiras em frente a uma manifestação pró-Palestina em Nova York.
Apoiadores de Israel agitam bandeiras em frente a uma manifestação pró-Palestina em Nova York.| Foto: EFE/EPA/Peter Foley

As posições assumidas por alguns políticos brasileiros de esquerda ou de extrema-esquerda em relação a Israel e aos judeus são estarrecedoras. Em todo mundo a esquerda revelou sua face antissemita. Não deveria ser surpresa: todos os regimes totalitários são antissemitas, e o socialismo (ou comunismo, ou “progressismo”) é uma ideologia totalitária que só permite a adoração de um deus: o Estado.

É evidente que não há problema em criticar o atual governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Mas a comparação da guerra contra o Hamas – uma guerra onde Israel luta por sua sobrevivência – com o Holocausto não encontra sustentação histórica, lógica ou moral.

A dimensão do que aconteceu aos judeus é incompreensível. A existência de Israel é a garantia de que isso nunca se repetirá.

Essa comparação nunca deveria ter sido apresentada como uma posição de Estado, porque ela não representa a posição da nação ou do povo brasileiro. Trata-se apenas de uma opinião pessoal – e uma opinião equivocada. Achar que o povo judeu é responsável pelas decisões do governo de Israel é como achar que o povo brasileiro é responsável pelas decisões – e declarações – do governo brasileiro. Comparar o Holocausto com uma guerra justa, de autodefesa, é ofender seis milhões de mortos. Esse episódio, ironicamente, acaba reforçando um dos argumentos centrais pela existência de Israel: Israel é a garantia de que o Holocausto nunca se repetirá.

Negar, minimizar ou trivializar a tragédia do Holocausto é trabalhar para que ele aconteça de novo. O termo “negacionista” foi originalmente criado para descrever aqueles que negam que o Holocausto tenha acontecido. Mas poucas tragédias foram tão bem documentadas.

Depois do massacre de civis inocentes pelos açougueiros do Hamas, em 7 de outubro de 2023, o mundo vem assistindo atônito ao ressurgimento do antissemitismo. Antissemitismo é o discurso de ódio contra judeus. Muitas vezes, esse ódio vem disfarçado de antissionismo – uma posição política que nega a Israel o direito de existir. Antissionismo é o antissemitismo vestido com roupas progressistas. Mas se os judeus não são bem-vindos em lugar algum e nem podem ter a sua pátria, o que acontecerá com eles? A resposta é óbvia.

Antissemitismo é o racismo mais antigo da história. Ele é sempre instigado por lideranças fracas, em busca de alguém para culpar por seus fracassos. Não há analogia possível entre o Holocausto e qualquer outro episódio da história. No Holocausto, seis milhões de homens, mulheres, crianças e idosos foram mortos a pancadas, tiros ou sufocados em câmaras de gás simplesmente por serem judeus. Foi organizado um aparato industrial de extermínio – um aparato oficial, estatal, preparado pelo governo de uma das nações mais cultas e educadas da Europa: a Alemanha.

A Alemanha é a terra de pensadores, cientistas, filósofos, escritores e artistas cujos trabalhos tiveram impacto profundo no mundo como Max Weber, Beethoven, Brahms, Einstein, Max Planck, Kant e Nietzsche, para citar só alguns. Antes de 1940, a Alemanha já havia recebido 33 Prêmios Nobel e possuía um dos sistemas educacionais mais avançados da Europa.

É preciso perguntar: como o Holocausto pôde acontecer na Alemanha? Onde estavam os homens de bem do país? Onde estavam os juristas alemães? Onde estava o resto do mundo?

No dia 19 de abril de 1943, quando tropas alemãs entraram no gueto de Varsóvia para levar mais judeus para os campos de extermínio, começou um levante. Mil e duzentos combatentes judeus, armados com apenas 17 fuzis, enfrentaram os soldados da SS nazista durante três semanas. Quando a resistência foi finalmente vencida, mais de 56 mil judeus foram capturados. Cerca de 7 mil foram assassinados a tiros ali mesmo no gueto, e o restante foi deportado para os campos de concentração. Depois da criação de Israel isso jamais se repetirá.

Eu visitei o Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém. Ali estão registradas as vidas de alguns dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas. A parte mais dolorosa foi entrar no prédio dedicado à memória das crianças mortas no Holocausto. No escuro brilha uma única vela, refletida por milhares de espelhos. A dimensão do que aconteceu aos judeus é incompreensível. A existência de Israel é a garantia de que isso nunca se repetirá.

Am Yisrael Chai. O povo de Israel vive.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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