A Inteligência Artificial pode realmente sair do controle?

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Este é o ano do hype em torno da Inteligência Artificial. Ao contrário de outras tendências que vimos surgir nos últimos anos, como Metaverso e NFTs, que ainda precisam de mais maturidade em termos de mercado - mas que acredito que podem chegar ao mainstream no futuro - a IA parece ter chegado a um ponto de inflexão para atingir as massas.

Se antes apenas as gigantes de tecnologia ou empresas com milhões de dólares de orçamento podiam investir e utilizar essa tecnologia, agora, com aplicações como ChatGPT e Midjourney, ela está a poucos cliques de distância de qualquer pessoa.

E como acontece com todo ciclo tecnológico, temos tido muitas discussões em torno dos impactos que aquela inovação pode trazer. Tivemos, por exemplo, Elon Musk e Yuval Harari, dentre vários outros experts e pensadores, assinando uma carta que pedia a pausa de todos os experimentos de grandes modelos de Inteligência Artificial.

Tivemos também Sundar Pichai, CEO do Google, dizendo que a IA é a coisa mais importante com a qual a humanidade já trabalhou, superando até mesmo a energia elétrica e o fogo.

E é claro que, com todo esse alvoroço, uma velha questão tem estado em pauta: a Inteligência Artificial pode sair de controle? Sam Altman, CEO da OpenAI - a empresa por trás do ChatGPT - vê dois cenários para o futuro da humanidade em um mundo dominado pela IA: o primeiro é que teremos ganhos quase inimagináveis de produtividade, o que trará uma revolução que é difícil até conseguirmos conceber de tão impactante. Esta é a visão otimista. A pessimista, segundo ele, é termos lights out, ou seja, o fim da raça humana. Para ele, não existe meio termo.

No geral, sou bastante otimista com novas tecnologias e tendo a acreditar muito mais no primeiro cenário. A Inteligência Artificial é, sem dúvidas, uma das mais importantes tecnologias já desenvolvidas pela humanidade e podemos, sim, esperar ganhos imensos de produtividade ao longo das próximas décadas.

Um ponto importante a se considerar é: muitas vezes, nem os próprios especialistas e as mentes mais brilhantes trabalhando no campo sabem explicar com exatidão o porquê de algumas respostas ou decisões tomadas pela IAs. Além disso, muitos especialistas questionam o fato de como esta tecnologia pode ser utilizada para fins ilícitos como, por exemplo a produção de fake news em massa, a utilização de deepfakes e assim por diante.

Se existe uma resposta definitiva para a pergunta deste artigo é que sim, ela pode. Depende, é claro, de qual tipo de controle estamos falando. Contudo, independente disso, é preciso trabalharmos juntos para que a Inteligência Artificial seja usada de forma consciente, trazendo mais benefícios que malefícios. Diante da velocidade das transformações que temos visto recentemente, todos temos que fazer nosso dever de casa e visualizar como podemos contribuir para que essa tecnologia, efetivamente, se torne uma das revoluções mais importantes da história da humanidade, e para que os temores com um apocalipse produzido por Inteligência Artificial permanece firmemente enraizada nos filmes de ficção científica.

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Vice-Presidente de Operações da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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