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Na época da colheita, viajar pelas estradas do Mato Grosso, repletas de buracos e caminhões, é uma aventura. No pico de escoamento da safra, os caminhoneiros rodam dia e noite, fazem verdadeiros comboios, e expõem um problema crônico do setor produtivo no Brasil, o apagão logístico.

A principal região produtora daquele estado, ao Norte de Cuiabá, está a uma distância média de 2 mil quilômetros dos portos. No caso do complexo soja (grão, farelo e óleo), os principais destinos são os portos de Paranaguá, Santos (SP) e São Francisco (SC). A produção mais do Oeste do estado, como Campos de Júlio e Sapezal, sai por Itacoatiara (AM).

No ano passado, quase 70% da soja exportada pelo Mato Grosso deixaram o país pelos portos do Sul e Sudeste. Paranaguá e São Francisco receberam, juntos, 35%, ou 3,2 milhões de toneladas. No caso do Paraná, a carga que vem de Sinop viaja 2.300 quilômetros: 1.800 de caminhão e outros 500 de trem. Somente no trecho rodoviário, até Maringá, o frete num caminhão bitrem (40 toneladas) pode passar de R$ 5 mil, calcula Cláudio Adamuccio, da Transpanorama, de Maringá. O custo é igual a 25% do valor da carga.

Além disso, lembra Nilson Camargo, da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), ainda existe o custo operacional do transbordo e do frete ferroviário, em torno de 80% do valor cobrado pelo rodoviário.

Fabiano Alves Marson, secretário da Agricultura de Sorriso (MT), explica que é por causa desse custo logístico que a produção do estado perde competitividade. "Na semana passada, enquanto o mercado pagava R$ 28 pela saca de soja no Paraná, aqui no Mato Grosso não passou de R$ 20."

Para o vice-presidente da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato), Rui Prado, o custo do frete para Paranaguá pode representar até a metade do valor da carga. Na safra atual, de Sinop ao Paraná, o transporte chegou a US$ 100 por tonelada, diz Prado. "Para viabilizar a produção e reverter o diagnóstico da falta de renda e endividamento do setor, é preciso melhorar a logística e reduzir os custos."

No ano passado, conforme dados organizados pela AgRural Commodities Agrícolas, o Mato Grosso exportou 63,28 % da produção de 15,4 milhões de toneladas de soja. A maior parte – 35,03% – foi para o Porto de Santos, distante 2.000 quilômetros de Sinop.

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