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Os consumidores não perceberam o tamanho da desgraça que aconteceu com os produtores de feijão entre agosto de 2009 e fevereiro de 2010. As chuvas do El Nino dizimaram a esperança de equilibrar as contas e aumentaram as dívidas de inúmeros produtores paranaenses. Mais de 55% da produção foi perdida.

O Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão) alertou os governos federal e estadual de que os preços baixos naquele momento – equivalentes a cerca de 50% do custo de produção – estavam desestimulando o plantio da segunda safra e que o consumidor pagaria por isto. Porém, os números errados do governo diziam que teríamos um bom volume de oferta na segunda safra. O governo tapou os ouvidos e deixou que os produtores da primeira safra arcassem com o prejuízo.

Somente em março o poder público interveio com PEP e AGF para garantir o preço mínimo. Tarde demais. A redução de área foi de 30% no Paraná. E ainda veio a estiagem, que levou mais 25%.

Mas novamente os técnicos do governo negam a realidade. Afirmam que a Conab tem estoque de 180 mil toneladas no país, suficiente para um mês de abastecimento. É verdade, tem sim, mas feijão velho e escuro, deste que o consumidor não tem interesse, pois prefere grãos claros e novos.

Parte desse estoque só pode ser doado em programas de ajuda alimentar para o Nordeste. Outra parte foi doada por decreto para países com déficit de alimentos. Assim, o volume total disponível é pequeno e não daria para atender o mercado por mais de 15 dias.

Momentaneamente, o efeito pode até ser um leve recuo nos preços. Mas em seguida a dura realidade irá surgir. Mesmo importando feijão preto da China e da Argentina, haverá inflação da cesta básica no segundo semestre. Consumidores e marqueteiros políticos vão ter dificuldades.

Contudo, esse problema recorrente tem solução: produzir e consumir outras variedades de feijão. Se falta, importa. Se sobra, exporta. Não podemos mais depender de políticos e políticas insensíveis. Temos que construir o futuro da cadeia produtiva do feijão.

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