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Luis Eduardo Magalhães, BA - O que você esperava encontrar no Brasil e o que de fato encontrou ao acompanhar a Expedição Safra Gazeta do Povo?

Antes de chegar aqui, ouvi notícias de que o Brasil esperava uma safra recorde neste ano. Acho que é importante ir a campo para conferir in loco as condições das lavouras. Pelo o que vi, realmente parece uma ótima safra, com potencial para recorde. Junto com a equipe da Expedição Safra, detectamos alguns problemas de colheita, que está atrasada por causa da chuva em várias partes do país, mas nada que possa comprometer o resultado final da soja e do milho de verão, na minha opinião. Apesar de alguns problemas com pragas, principalmente insetos, a verdade é que não vi nenhuma lavoura ruim.

Algum destaque especial ou novidade desde a sua última visita ao país, em 2004?

A reconfiguração do mapa agrícola brasileiro me surpreendeu muito. O crescimento da produção de grãos no Centro-Norte do Brasil para atender à crescente indústria de carne do Nordeste foi uma novidade para mim. Os Estados Unidos vivem uma situação parecida na região do Texas, onde a pecuária é muito forte, mas não tinha nem ideia que isso estava acontecendo aqui também. O plano de mecanização da colheita da cana-de-açúcar foi outra grande surpresa. Antes de chegar aqui, nunca tinha ouvido falar sobre isso lá nos EUA. Também não tinha conhecimento sobre os programas de apoio aos pequenos agricultores e, depois de conversar com produtores, percebi que esses programas estão fazendo a diferença. Outro grande aprendizado foi ver que um processo que nós, americanos, chamamos de "agricultura corporativa" também está ocorrendo com muita força aqui no Brasil. São grandes grupos de produtores americanos e de várias outras nacionalidades que investem na compra ou no arrendamento de terras para produzir no Brasil.

Depois de rodar quase 6 mil quilômetros de Norte a Sul do país com a Expedição, qual a sua opinião sobre o potencial da agricultura brasileira?

O agronegócio brasileiro tem um enorme potencial de crescimento. Se alguém discorda, das duas uma, ou nunca esteve aqui ou está louco. No Brasil, a agricultura só pode caminhar para uma direção, e certamente é para cima. O potencial é imenso, seja porque ainda há muita área nova que pode ser incorporada à produção ou pela possibilidade de cultivar não uma, mas duas ou até três safras por ano. Me espantei com o crescimento do algodão na região Centro-Oeste e Centro-Norte do Brasil e fiquei muito surpreso em ver como a produtividade do milho está melhorando a cada ano. Descobri que os brasileiros não são agricultores porque veem na agricultura apenas uma forma de ganhar dinheiro, mas sim porque amam o campo, a terra. Percebi que os produtores estão cada vez mais profissionalizados e que há uma preocupação constante com avanços tecnológicos. O único ponto negativo são os gargalos logísticos de armazenagem e escoamento da safra brasileira, que há anos são notícia na imprensa internacional, e infelizmente ainda não foram resolvidos.

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