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Brasília – Até meados da década de 60, o Cerrado brasileiro era território de botânicos e ambientalistas, interessados na fauna e flora do conjunto de formações vegetais semelhantes à savana africana. A pouca atividade verificada era da pecuária extensiva, numa ocupação que variava de 5 a 10 hectares por animal. Alguns produtores se aventuravam na produção do arroz de sequeiro, que ajudava a pagar parte do custo do desmatamento e da implantação de pastagens.

Com a criação da Embrapa, em 1972, e de sua Unidade Cerrados, em 1973, teve início a grande transformação da agricultura na Região Central do Brasil. "A incorporação do Cerrado foi uma decisão política", lembra o ex-pesquisador da estatal, Edson Lovato, ao defender que agricultura não se faz somente de tecnologia. Ele explica que foi através da pesquisa e de programas do governo que se estabeleceu o primeiro ciclo de desenvolvimento agropecuário da região.

Na época, muitos produtores acabaram eliminados do processo pela incapacidade de manejo da área e falta de profissionalismo para administrar os benefícios governamentais. Segundo Lovato, "havia agricultor que usava a terra como reserva de capital, para especular no mercado". Isso aconteceu porque o custo para melhorar 1 hectare – os solos eram muito empobrecidos –, era suficiente para triplicar a área, comprando outros 2 hectares.

Lobato lembra que, recém-formado em Agronomia, muitos colegas o aconselhavam a não perder tempo no Cerrado. Ele não aceitou os conselhos e, em 30 anos de trabalho, viu nascer e se consolidar uma nova fronteira agrícola. "No Cerrado dá para produzir tudo o que você quiser, com maior ou menor dificuldade."

Ocupação

Originalmente, os cerrados ocupam um quarto do território brasileiro, cobrindo as regiões Central, parte do Centro-Oeste, Sudeste e Norte do país. Nessas áreas se produz, principalmente, soja, milho, feijão, arroz, sorgo, algodão, café e carne. São produtos que, respeitadas as diversidades climáticas, podem ser adaptados aos demais países tropicais.

A intensificação da agricultura nessas áreas ocorreu no fim da década de 70 e início dos anos 80, com agricultores da Região Sul. Eles saíram principalmente do Paraná e de Santa Catarina, onde a valorização dos imóveis rurais dificultava a ampliação da atividade. Com a venda de 1 hectare nesses estados, era possível comprar três ou quatro no Cerrado.

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