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A relação cambial desfavorável e a necessidade de remunerar melhor o produtor levaram as cooperativas agropecuárias do Paraná a desenvolver o seu próprio PAC (Programa de Acelaração de Crescimento), proposta do governo federal para alavancar a produção e a geração de emprego e renda no país. Com investimentos de R$ 1 bilhão – recursos a serem aplicados no período de 12 meses –, o sistema revive a fase mais importante dos seus 40 anos. Com a implantação de indústrias de frango, suínos, laticínios e esmagadoras de soja no final dos anos 80 e início da década de 90, o primeiro ciclo agroindustrial das cooperativas foi responsável pela estruturação de economias regionais no interior do estado.

Nos dois momentos fica clara a visão estratégica do sistema, de médio a longo prazo. A diferença, agora, é que as cooperativas se consideram mais bem preparadas para contornar situações adversas, como a crise enfrentada em 95 e 96, quando pelo menos dez fecharam as portas e tiveram seu patrimônio e atividades assumidos por outras sociedades. Os motivos: câmbio, frustração de safras e sucessivos planos econômicos, um quadro parecido com o atual. Ainda assim, o valor previsto para aplicação até meados de 2008 é o maior da história do sistema para um único ano.

As principais ações estão nas áreas de carnes, armazenagem, açúcar e álcool. No primeiro caso, é para manter e conquistar espaço no consumo interno e no exterior. A ampliação dos silos é para evitar o iminente gargalo logístico no pós-colheita, além de modernizar uma estrutura relativamente antiga. E a aposta na cana responde a uma perspectiva de preço e mercado, impulsionada pela demanda de açúcar e álcool.

O Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) justifica os investimento à necessidade de evolução tecnológica. Na prática, o setor se prepara para atender uma demanda cada vez maior, e que cresce com ou sem crise. Na avaliação de João Paulo Koslovski, presidente da entidade, "estamos passando por um ciclo de sofisticação do complexo agroindustrial, em busca de uma transformação mais elaborada da produção primária".

O dirigente destaca que a nova onda de investimentos representa a continuidade de um processo de evolução das cooperativas agropecuárias, que se caracteriza por fases distintas. "Primeiro veio a estruturação, com armazéns, assistência técnica e crédito orientado; depois as indústrias; e agora a modernização do parque industrial."

Ele explica que a preocupação é manter o mercado e conquistar novos espaços. O dirigente destaca, ainda, que além de quantidade é preciso ter qualidade e produtos mais bem preparados, exigências do mercado importador.

"Nossos vizinhos estão fazendo isso", alerta Nelson Costa, superintendente adjunto da Ocepar. Ele lembra que todos os empreendimentos consideram a premissa de seguir a tendência de mercado, com a necessidade de otimizar custos nas cooperativas e evoluir desde o início da cadeia, para que o resultado também chegue ao produtor.

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