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"Nos Estados Unidos, a primeira providência do dia do produtor é verificar as cotações agrícolas. No Brasil, ele abre a janela para ver se está chovendo." A comparação é da especialista em Agronegócio Gisela Quadros Xavier, coordenadora de um projeto piloto que pretende mostrar aos agropecuaristas o caminho das bolsas de mercadorias e do mercado futuro.

O programa funciona no Sindicato Rural de Toledo. O Centro de Agronegócio e Mercado Futuro tem uma sala com duas mesas e um computador ligado à internet. Inaugurado há uma semana, emite boletins com informações de mercado a 400 produtores por e-mail.

"O produtor brasileiro é um dos melhores na hora de produzir, mas precisa aprender a negociar", afirma o especialista em mercado Eugenio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e ex-secretário da Agricultura do Para-ná. Segundo ele, o grupo que conhece e explora o mercado futuro ainda é inexpressivo.

Nesse tipo de operação, o agricultor não negocia a produção física. Ele trabalha com contratos para garantir renda mínima, como o que pré-estabelece o preço da commodity. Depois de se cadastrar na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), pode travar o preço que deseja receber na colheita. Para saber o melhor momento de negociar, precisa acompanhar cotações futuras.

"Se a cotação do mercado físico cair, o produtor compensa a perda com um ganho na Bolsa", explica o economista da Federação da Agricultura Pedro Loyola. "No caso de os preços subirem, a perda na Bolsa pode ser compensada com o ganho físico."

O mercado futuro ajuda a reduzir riscos, mas é preciso acompanhar cotações diariamente, conhecer bem o sistema e saber a hora de negociar, afirma o agricultor Ivo Polo, de Pato Branco. Ele conta que três safras atrás negociou soja como experiência. "Não adianta entrar sem tempo para se dedicar à Bolsa. Recebi preços menores que os do mercado físico, por falta de acompanhamento."

Na palestra que fez a 300 produtores em Cascavel, há uma semana, Stefanelo foi enfático: "Negocie a preços bons o suficiente para garantir os custos. Depois, especule com o lucro." Ele afirma que o produtor precisa criar situações em que não fique sujeito ao mercado, ou seja, não se obrigue a vender numa época de preço baixo para pagar suas contas.

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