• Carregando...

A produção de fumo começou a cair e deve ser reduzida ainda mais no Paraná. Tudo aponta para isso: a tendência mundial de diminuição no consumo, as campanhas antitabaco e as estatísticas da própria indústria. Responsável por 15% da produção num país que é o maior exportador mundial, o estado tem motivos de sobra para se preocupar.

O número de produtores está em queda há dois anos e ainda não se tem notícia de programas com alternativas concretas e sustentáveis. Apesar de ser signatário da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (tratado da Organização Mundial da Saúde), o Brasil não possui exemplos bem-sucedidos de conversão em massa.

A queda no número de fumicultores aparece nas estatísticas do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo). A redução nacional foi de 6,6% – de 197 mil para 184 mil entre a safra retrasada e a passada. Em relação ao Paraná, o Sindifumo diz que o total de produtores caiu 9,5% – de 36,9 mil para 33,4 mil.

Neste momento, todos se perguntam: teria o setor atingido seu auge há dois anos e entrado em decadência no Paraná e no Brasil? Na década posterior ao pico mundial de produção de tabaco, atingido em 1993, a fumicultura brasileira seguiu na contratendência e se expandiu. Nos últimos 30 anos, a produção do Brasil dobrou, permitindo que a exportação fosse triplicada. Só agora os gráficos mudaram de direção.

O maior exportador mundial de tabaco vai ter de encontrar uma saída para os fumicultores familiares, afirma Marcos Rochinski, porta-voz da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), que abandonou a atividade nesta safra. Ele produzia fumo em 1,5 hectare em Palmeira, no Centro-Sul, região que concentra os fumicultores paranaenses. Hoje sua área é dedicada à criação de galinhas caipiras, ovinos e à produção de verduras. Rochinski pretende vender a produção em feiras públicas locais. Ele afirma que fará o possível para não voltar para a fumicultura, mas que a tarefa não será fácil.

Para o dirigente da Fetraf-Sul, a redução no número de fumicultores está ocorrendo antes da aplicação de programas de conversão. Ele relaciona o fenômeno à queda na rentabilidade, à tendência de diversificação nas pequenas propriedades e ao aumento das exigências da indústria. "A fumicultura exige cada vez mais especialização e, com isso, faz um processo seletivo dos produtores."

"A retração que ocorreu nos últimos anos é um processo seletivo natural", afirma o representante da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) no Paraná, Silvino Antônio Mueller. "Aqueles que ingressaram na atividade e não tinham noção técnica estão tendo que sair. O agricultor que está abandonando o fumo é um carpinteiro que abriu uma barbearia."

Mueller diz que vem ocorrendo também redução na produção por unidade. À medida que a fumicultura se torna menos rentável, os produtores estariam dedicando parte da área para atividades que também exigem mão-de-obra e, por isso, são valorizadas no mercado, como a olericultura.

Conversão

O governo federal tem quatro linhas de ação nesse sentido. A primeira oferece juros reduzidos a projetos de conversão (3% e 4%). Outra promete acesso a informações técnicas de diversificação e incentivo à pesquisa de alternativas. Além disso, quer agregar valor à produção primária de alimentos, com apoio ao cooperativismo, à instalação de agroindústrias e à exploração de novos mercados. Por último, se compromete a apoiar o agricultor que tem dificuldade de inserção no mercado comprando os alimentos que ele produz através de programas como o Fome Zero.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]