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A cada seis meses, o ciclo de produção mundial se renova. Enquanto as colheitadeiras avançam sobre os campos sul-americanos, os Estados Unidos se preparam para iniciar o plantio de uma nova safra. Em meio a relatos de quebras isoladas, por excesso de chuva ou de sol, a expectativa de safra cheia vai se confirmando na América do Sul. Mas o que o mercado quer saber agora é como os EUA, os maiores produtores de grãos do mundo, irão dividir a sua área de cultivo entre soja e milho no próximo ciclo. Daqui para frente, o tamanho da safra norte-americana será a principal bússola do mercado internacional de grãos.

No ciclo 2009/10, os EUA diminuiram a extensão destinada ao milho e cultivaram área recorde de soja. Para este ano, as primeiras estimativas de intenção de plantio, ainda informais, indicam que o cereal deve voltar a ganhar terreno no país. As primeiras projeções oficiais serão divulgadas na próxima semana, durante o 2010 Agriculture Outlook Forum, que ocorre nos dias 18 e 19 de fevereiro em Arlington, na Virgínia, próximo a Washington DC. O evento evidencia a interdependência entre os mercados mundiais de commodities agrícolas, mostrando porque o tamanho da safra sul-americana tem tanta influência na decisão de plantio nos EUA.

Sensíveis à globalização do negócio agropecuário, as principais entidades brasileiras de representações do setor enviam técnicos aos Estados Unidos para participar das discussões. Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) estarão presentes no evento. Uma equipe da Expedição Safra RPC também vai acompanhar a programação do fórum.

Lucy França Frota, analista da CNA, chama a atenção para o viés da sustentabilidade explicitado na programação deste ano. Nas edições anteriores, o foco sempre foi mais econômico, lembra a analista. "O que se busca é a segurança alimentar, num processo que passa pela produção, transporte e armazenagem", temas que direcionam parte dos painéis do Outlook 2010, destaca.

As discussões sobre o uso de milho para a produção de etanol, outro assunto que estará em pauta no evento, também despertam o interesse brasileiro. "É importante porque afeta diretamente três das mais importantes lavouras do país: o próprio milho, cultura em que estamos nos tornando um importante exportador mundial, a soja, que nos EUA disputa área com o milho, e a cana-de-açúcar, que serve de base para o etanol nacional", destaca Sávio Pereira, coordenador geral de oleaginosas e fibras do Mapa.

Além de lideranças do setor, o congresso, considerado o mais importante seminário sobre agronegócio do mundo, reúne também produtores rurais, técnicos, analistas e pesquisadores. Nesta edição, o congresso realizado anualmente pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), tem como tema central a sustentabilidade da produção agropecuária.

Em dois dias de debates, o 86º Agricultural Outlook Forum vai colocar em debate temas como rastreabilidade, segurança alimentar, energias renováveis, comércio internacional, meio ambiente, a influência das cotações das commodities no preço dos alimentos e a modernização da agricultura na China. "A China passou os EUA e é hoje o principal parceiro comercial do Brasil. O caso mais notório é a soja. O país asiático é o maior importador mundial do grão e de farelo de soja", lembra o representante do Mapa.

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