• Carregando...

São Paulo (SP) - Se depender da cotonicultura, a soja não terá seu crescimento barrado na safra 2010/11. A expansão das lavouras de algodão, apontada como principal redutor do avanço da oleaginosa no Brasil nas projeções para o próximo ciclo, será menor do que se previa inicialmente, mostrou o setor no 16.º Clube da Fibra, realizado semana passada em São Paulo (SP) pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e pela FMC Agricultural Products.

Diante de números que mostram uma produção mundial de algodão maior que a esperada, o setor reviu suas apostas. Ini­cialmente, previa-se que a cultura ultrapassasse com folga 1 milhão de hectares, ante os 830 mil cultivados no último ciclo. Como os preços não devem mais seguir tendência tão animadora, a nova avaliação é de que a safra 2010/11 seja de 950 mil hectares, afirma o presidente da Abrapa, Haroldo Rodrigues da Cunha.

A cultura passou de 1 milhão de hectares em 2004/05 e, desde então, o cenário é de altos e baixos. Os 50 mil hectares de recuo ante as previsões iniciais devem ser ocupados pela soja, avalia Cunha. As vantagens do algodão – que exige investimento de R$ 4 mil por hectare, até quatro vezes mais que a soja, mas oferece rentabilidade proporcional, avaliada entre 20% e 30% – poderiam fazer Mato Grosso até reduzir a área destinada à oleaginosa em 1%, conforme estimativa da Safras & Mercado. O estado do Centro-Oeste dedicou 6 milhões de hectares à oleaginosa na safra passada, apurou a Ex­­pedição Safra RPC.

Na comparação com o ano passado, o algodão terá sim expansão de área, preveem os executivos da FMC, fornecedora de insumos para o setor. Cerca de um terço da produção já foi vendida e o país terá de importar algodão ainda neste ano, apontou Carlos Baptista. A venda antecipada é tradição entre os produtores de algodão, que chegam a assinar contratos até três anos antes do plantio.

Apesar do aumento na produtividade, o mercado mostra-se bom o suficiente para que os produtores ampliem o plantio, disse Antônio Carlos Zem, diretor presidente da FMC América Latina. Ele acredita que a área do algodão ficará próxima de 1 milhão de hectares no Brasil. A multinacional americana tenta elevar seu faturamento anual de US$ 422 para US$ 500 milhões em 2010. A empresa tem foco em cana e algodão e pretende explorar melhor o mercado da soja nos próximos anos.

Conforme a Abrapa, houve 90 % de aumento na produtividade do algodão no Brasil nas últimas dez safras. A soja e o milho, por sua vez, avançaram 19% e 54%, respectivamente.

Projeções da soja

Mais vantajosa que o milho, cujos estoques internos continuam altos, a soja promete bater o recorde do ano passado, passando de 23 milhões de hectares. Com o recuo do algodão, deve crescer também em Mato Grosso, líder na cultura. Consultorias como a AgRural preveem área plantada acima de 24 milhões de hectares, com crescimento de 3% sobre a extensão recorde registrada ano passado. Se a produtividade de 2,9 mil quilos por hectare for atingida mesmo com a ocorrência do fenômeno La Niña, o volume colhido pode passar de 67 milhões para 69 milhões de toneladas.

As projeções oficiais sobre a safra de verão começam a ser lançadas a partir de setembro, quando os produtores iniciam o plantio. Essa tarefa tende a ser antecipada pelos agricultores por causa das previsões de que falte chuva mais à frente, no verão. O plantio do algodão é realizado logo após o da soja. Apesar dessa sequência, os produtores planejam a área de cada cultura na época da compra dos insumos, que está em pleno curso.

O jornalista viajou a convite da FMC.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]