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Apesar de o Hemisfério Norte já apresentar indícios de que este será o ano mais quente da história, as previsões meteorológicas poupam a agricultura paranaense. O aquecimento das águas do Oceano Pacífico deve trazer chuva pouco além do normal ao Paraná nos próximos meses, favorecendo as lavouras. As temperaturas ficarão dentro da média histórica no estado, segundo os meteorogistas. Mas, a longo prazo, o aquecimento global pode mudar drasticamente as condições de cultivo. Onde hoje há solo fértil e úmido, sobrariam áreas alagadas e desertos.

Um estudo da Embrapa Informática Agropecuária e da Universidade de Campinas (Unicamp) permite algumas previsões sobre como será a agricultura no Paraná daqui um século. Com a elevação gradual da temperatura e o aumento das chuvas, será necessário um novo zoenamento agrícola. A produção de soja, milho e trigo – ainda em expansão – deve ser reduzida a um terço se não forem desenvolvidas espécies mais resistentes ao calor. Essa queda é de mais de 10 milhões de toneladas. A pesquisa prevê que a área de plantio dessas culturas, que hoje passa de 5 milhões de hectares no estado, tende a cair pela metade.

A projeção considera que a temperatura pode subir até 5,8º C nos próximos cem anos. Com isso, serão necessárias mudanças completas de atividade em regiões já consideradas quentes. Segundo o coordenador da pesquisa, Eduardo Assad, a cultura do café, por exemplo, terá de migrar do Norte para o Sul do Paraná, ou mesmo para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O excesso de chuva faria o grão paranaense perder qualidade.

Se o café deve migrar para o Sul, a produção de arroz, feijão, milho e soja será deslocada para o Centro-Oeste do país. Mesmo nesta região, as condições climáticas podem ficar piores que as encontradas hoje no Paraná, com uma freqüência maior de tempestades e períodos de estiagem.

A pesquisa agrometeorológica que prevê o fim da soja em regiões férteis como o Oeste do Paraná não afirma categoricamente que o clima vai mudar, conforme o engenheiro agrícola Jurandir Zullo Junior, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Universidade de Campinas (Unicamp). Apesar de considerar que o aquecimento global pode ser irreversível, ele diz que o trabalho apenas indica as conseqüências do fenômeno. "O homem pode reagir para evitar essas mudanças. Diante de uma situação como essa, ou ele se adapta, ou mitiga." Zullo considera que a redução na emissão dos gases do efeito estufa é uma forma de se tentar amenizar o aquecimento global.

A adoção de um período relativamente extenso (cem anos) como referência para os cálculos fez com que as previsões mostrassem contrastes alarmantes. No entanto, segundo Zullo, o aumento das chuvas e da elevação das temperaturas precisam ser apontados com décadas de antecedência para que os pesquisadores tenham tempo de desenvolver novas variedades de plantas. O setor já estaria procurando adaptações.

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