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2009 será o ano da soja nos Estados Unidos. Pelo menos é essa a expectativa do USDA, o departamento de agricultura do país, que projeta crescimento de 1,7% (526 mil ha) no plantio da oleaginosa no ciclo 2009/10, para recordes 31,2 milhões de hectares. Com custos de produção mais baixos que os do cereal, a soja vai ganhar terreno no Corn belt, o cinturão de produção dos EUA, localizado na região dos Grandes Lagos, no nordeste do país. Mas o maior incremento de área vai, segundo o USDA, ocorrer em localidades que não têm grande tradição na sojicultura, em estados como Texas, Oklahoma e Kansas (região das Planícies, a noroeste do Corn Belt) e nas Dakotas do Norte e do Sul (a leste do cinturão de produção). Nessas regiões, a soja avança sobre áreas que geralmente são cultivadas com trigo, algodão e amendoim.

A alta do preço dos fertilizantes, em especial dos formulados nitrogenados, é apontada pelo USDA como um dos principais motivos para a migração de área em favor da soja. Apesar da queda recente, a baixa nas cotações internacionais do NPK (nitrogênio, fósforo e potássio, principais matérias-primas para fabricação de fertilizantes) ainda não foi repassada para o consumidor norte-americano, o que torma a soja mais atrativa, por exigir um desembolso menor que o milho, por exemplo. "Os EUA importam cerca de 75% da uréia que consomem e mais da metade do nitrogênio, mas os preços ao produtor ainda estão elevados porque a indústria está com estoques altos, comprados a preços mais altos que os atuais", explica Keith Swanson, da empresa norte-americana CHS.

Ainda assim, com custos mais elevados, a área de milho deve manter-se estável nos EUA na temporada 2009/10, em torno de 34,8 milhões de hectares. "Isso não quer dizer que o cereal não perderá espaço no Corn Belt. Deve, sim, haver migração para a soja na região, mas a perda de terreno deve ser compensada por incrementos de área em regiões de cultivo de trigo de inverno, mais ao sul no cinturão de produção tradicional", explica a analista da AgRural Daniele Siqueira. Ela destaca, contudo, que as estimativas de plantio ainda são preliminares, e que muita coisa ainda pode mudar até que as plantadeiras começem, de fato, a entrar em campo nos EUA, a partir de abril. "No ano passado, por exemplo, houve uma diferença brutal entre os números apresentados pelo USDA em fevereiro, durante o Outlook Forum, e os de março, quando sai a primeira projeção oficial e plantio", diz.

Os números podem até mudar, mas, depois de colher duas excelentes safras de milho (uma recorde em 2007/08 e outra ligeiramente menor em 2008/09), a preferência norte-americana pela soja em detrimento do cereal na temporada 2009/10 parece já estar definida. "O mercado esperava que o USDA anunciasse uma área até maior, com queda no plantio de milho", afirma a analista. Muito mais que os custos de produção, pesa em favor da oleaginosa a demanda internacional firme, mesmo em tempos de crise. "A situação econômica mundial está complicada. Nunca houve uma crise como essa. Esperava-se um colapso na demanda, mas a China continua comprando soja como nunca", diz o corretor Steve Cachia, da Cerealpar.

"Em 2009, a China vai responder por aproximadamente metade do comércio global de soja", concorda o economista do USDA Willian Chambers. Em pouco mais de dez anos, as importações chinesas da oleaginosa aumentaram mais de 15 vezes, passando de 2,3 milhões de toneladas em 1996/97 para 36 milhões, conforme dados do órgão.

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