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Pampas argentinos: em 18 anos a produção no país avançou 384% ao chegar perto de 60 milhões de toneladas | Christian Rizzi / Gazeta Do Povo
Pampas argentinos: em 18 anos a produção no país avançou 384% ao chegar perto de 60 milhões de toneladas| Foto: Christian Rizzi / Gazeta Do Povo

Enquanto o Brasil conclui os trabalhos do plantio da safra 2012/13, a Argentina tenta driblar as enxurradas para conseguir cumprir seu plano de cultivo. O país, segundo maior produtor sul-americano de soja e milho e principal concorrente brasileiro no mercado internacional, está atropelando o calendário de semeadura e, segundo especialistas, isso pode prejudicar os resultados na colheita.

De acordo com levantamento da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 61% dos 19,7 milhões de hectares que devem ser destinados à oleaginosa foram plantados até a última semana. Nesta época do ano passado, o índice ultrapassava os 90%. No caso do milho, o atraso é de 10 pontos porcentuais – 61% do terreno foram plantados.

O vice-presidente de Futuros da The Jefferies Bache, de Nova York, Stefan Tomkiw, acredita que parte da área de milho pode migrar para a soja, já que não haverá tempo hábil para se cultivar o cereal. Para o analista da Informa Economics FNP, Aedson Pereira, o quadro cria duas situações, que consequentemente resultam em menor rendimento por hectare. "A primeira é que o atraso joga a lavoura de soja para o período de enchimento de grãos e formação de vagens, março a abril, época de veranico. Ou seja, uma boa parte das lavouras estará em estágio de floração para formação de vagens [fase em que as plantas mais necessitam de água]", avalia. A segunda hipótese prevê os efeitos da adoção de sementes precoces [que se desenvolvem em menos tempo], já que houve uma quebra do calendário de plantio. Essas plantas, segundo Pereira, são mais sensíveis a intempéries climáticas, embora sejam de alta tecnologia.

Quanto ao clima, as notícias não são muito favoráveis ao país vizinho. As chuvas, que entre outubro e novembro ficaram mais de 150 milímetros acima da média nas regiões produtoras argentinas, devem continuar caindo em volumes além do normal nas próximas semanas, afirma Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista do Somar. Já a previsão de médio prazo confirma redução das precipitações ao longo do verão. "O grande problema é que, quando se planta em solo muito encharcado, a raiz não cresce muito. Com isso, qualquer estiagem de 10 dias a 15 dias pode afetar o desenvolvimento da planta", alerta.

Diante dessa conjuntura e de previsões climáticas não muito favoráveis, consultorias e órgãos oficiais devem rever suas projeções para o país. Do trio sul-americano da soja, apenas o Paraguai é o que tem situação mais confortável neste momento. O país é o terceiro maior exportador e produtor do continente e conta com chuvas recorrentes e favoráveis ao desenvolvimento da safra. No ano passado, houve quebra de 21 milhões de toneladas de soja nos três países do Cone Sul.

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