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A falta de infraestrutura está prejudicando a expansão da produção de grãos na região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (MaToPiBa) e deixando milhões de hectares de terras economicamente inativos. A Expedição Safra Gazeta do Povo apurou que a ampliação das áreas de soja e milho ocorre em ritmo bem mais lento do que o programado pelo setor.

Nos quatro estados, técnicos e jornalistas do projeto se depararam com estradas em condições precárias, balsas sobrecarregadas e ferrovias ainda em construção. A produção crescente se afunila em terminais portuários cada vez menores para a demanda.

Na safra 2010/11, as lavouras foram ampliadas em apenas 170 mil hectares. A região precisaria plantar 650 mil hectares extras por ano para chegar a 10 milhões de hectares em uma década, conforme projeção lançada em 2008. O Ministério da Agricul­­tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estima em 20 milhões de hectares o tamanho da área agricultável na "nova fronteira agrícola" do país.

Apontada pelos agricultores como a obra mais urgente, o Terminal Público de Grãos do Ma­­­ranhão (Tegram) deve ser concluído em 2013, conforme a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap). O projeto, que ainda depende de aprovação da Agencia Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), contempla a construção de quatro armazéns, cada um com capacidade para 125 mil toneladas, e nova estrutura para recepção e carregamento dentro do Porto do Itaqui, em São Luis (MA). Com apenas um silo para armazenagem, o Porto movimenta atualmente 2 milhões de toneladas de grãos por ano, volume que deve chegar a 6 milhões ainda nesta década.

As obras de infraestrutura ganham novos prazos de conclusão em cada gestão do governo federal. A ferrovia Transnor­­destina – que terá 1,7 mil quilômetros entre Eliseu Martins (PI) e os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) – está em andamento e deve ser concluída em 2013, prometeu a presidente Dilma Rousseff. A construção da ferrovia Norte-Sul avança em Tocantins, mas os trechos já concluídos ainda são pouco usados para o escoamento da produção da região de Pedro Afonso e Porto Nacional, por exemplo. O asfaltamento da Transcerrado – rodovia que atravessa o polo de grãos do Piauí – passa por estudo há mais de um ano.

O superintendente do Sistema Nacional de Aprendi­­­zagem Rural (Senar) no Mara­­­nhão, Antonio Luiz Figueiredo, considera que a falta do terminal de grãos é o maior problema do MaToPiBa. "Hoje, muitos caminhoneiros aguardam até três dias para descarregar no porto porque falta armazém", reclama. Com a construção de ferrovias, estados do Centro-Oeste que hoje usam os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) devem utilizar estrutura intermodal – mais barata e menos poluente que a exclusivamente rodoviária –, para escoar a produção pelos portos do Norte e Nordeste.

A infraestrutura determina em boa medida a expansão da produção agrícola. A série histórica de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que, na última década, o Paraná – que conta com mais estrutura de escoamento que o MaToPiBa – ampliou as lavouras em 1,17 milhão de hectares (20%), apesar de ter bem menos áreas disponíveis. Em Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o avanço foi de 1,4 milhão de hectares no período (55%), ou seja, só 240 mil hectares a mais do que nos campos paranaenses, onde as pastagens precisam ser reduzidas para dar lugar aos grãos.

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