Neste 18 de agosto o Brasil comemora com muito orgulho o Dia Nacional do Campo Limpo. Isso porque o país é líder mundial na ranking de reciclagem de embalagens vazias de defensivos agrícolas. De acordo com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), somente no ano passado, 45,5 mil toneladas de embalagens vazias tiveram destino ambientalmente correto por meio do Sistema Campo Limpo (SCL), montante que representa 94% do total das embalagens primárias comercializadas em 2015. Para se ter uma ideia, o Brasil está na frente de países como a França, com a reciclagem de 77% de suas embalagens e também do Canadá, com 73%. Os Estados Unidos vêm em 9º lugar, com 33%.
“Celebramos esse dia como uma forma de valorizar o comprometimento da agricultura com a preservação do meio ambiente e chamar a atenção para fomentar essa cultura”, afirma o analista técnico da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Marco Oliveira.
O ramo agropecuário no Brasil compreende um universo de mais de 1,5 mil cooperativas e quase um milhão de cooperados. Das 111 centrais de recebimento de embalagens pelo país, 5% delas são gerenciadas por cooperativas. No Paraná, estado que possui algumas das maiores e mais fortes cooperativas agrícolas do país, o trabalho da Coamo é destaque nacional.
Com cerca de 28 mil cooperados, a Coamo devolveu mais de um milhão de embalagens vazias até agosto deste ano, sendo 95% desse material encaminhado para a reciclagem e os 5% restantes incinerados. “Os recursos empregados para a destinação correta das embalagens vazias são viáveis graças a parcerias. Acredito que nosso grande diferencial em relação ao que existe no Brasil é que estruturamos postos de recebimento em cada unidade onde a cooperativa possui um depósito de embalagem. Facilita muito para todo mundo, especialmente o agricultor”, afirma o chefe do Departamento Administrativo e Meio Ambiente da Coamo, Dalma Lucio de Oliveira.
De acordo com o coordenador regional de operações do inpEV, Fábio Macul, o inpEV possui atualmente mais de 400 unidades de recebimento de embalagens em todo o Brasil, gerenciadas por cerca de 260 associações de revendedores, sendo que algumas delas são cogerenciadas pelo inpEV, e também trabalha com as unidades itinerantes para atingir lavouras mais distantes e pequenos produtores rurais. “O Paraná com toda certeza se destaca nesse trabalho das unidades móveis”, explica Macul.
Redução
No primeiro semestre de 2016, no entanto, em decorrência dos problemas climáticos que afetaram a safra brasileira de grãos (excesso de chuvas na região sul e seca na região do centro-oeste e no Matopiba), o Sistema Campo Limpo retirou dos campos do Sul cerca de 5.746 toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas, volume 9% menor em relação ao primeiro semestre de 2015. No Brasil, houve uma queda de 6% na destinação do material no semestre, que reduziu de 24,6 mil toneladas para 23,1 mil.
Além disso, segundo a inpEV, a expansão do plantio da variedade de soja Intacta, que reduz a aplicação de produto, e o aumento do contrabando de agrotóxicos, também foram fatores que tiveram impacto sobre a redução no volume de defensivos agrícolas usado em campo este ano.
A partir de 2008, a inpEV construiu a sua própria recicladora das embalagens vazias de defensivos agrícolas
Sistema Campo Limpo
O Sistema Campo Limpo é gerenciado pelo inpEV, instituição que representa as indústrias fabricantes e/ou registrantes de defensivos agrícolas e que têm o dever, estabelecido por lei, de promover a correta destinação das embalagens vazias desses produtos (logística reversa). Participam do programa mais de 100 empresas e nove entidades representativas do setor, distribuidores e agricultores.
Os produtores rurais adquirem os defensivos agrícolas em aproximadamente cinco mil distribuidores e cooperativas e se responsabilizam pela lavagem e inutilização das embalagens pós-consumo para, então, enviá-las às unidades de recebimento. Os estabelecimentos comerciais e as cooperativas, por sua vez, devem dispor de local adequado para o recebimento das embalagens. De lá, as embalagens seguem para seu destino final, que pode ser a incineração ou a reciclagem. Aos fabricantes compete promover sua destinação final adequada, o que exerce por meio do inpEV. Os poderes públicos, nas esferas municipal, estadual e federal, respondem pela fiscalização do Sistema e pela orientação e licenciamento das unidades de recebimento, além do apoio às ações educativas.
“O sistema funciona bem porque todos os elos da cadeia produtiva, agricultores, fabricantes e canais de distribuição, estão envolvidos e comprometidos com suas responsabilidades. Temos os mesmos objetivos”, afirma Macul.
A partir de 2002, quando o Sistema Campo Limpo entrou em funcionamento, a maior parte das embalagens passou a ter destinação correta. “Até então a legislação permitia que as embalagens pudessem ser enterradas, desde que em locais altos e longe de rios. Até nas embalagens dos produtos havia essa recomendação”, explica Oliveira. No entanto, a Lei nº 9.974/2000 exigiu que cada um dos agentes atuantes na produção agrícola do Brasil cumprisse um papel específico no processo de recolhimento e destinação final das embalagens vazias de defensivos agrícolas.
Podem ser encaminhadas para reciclagem 95% das embalagens colocadas no mercado, desde que tenham sido corretamente lavadas no momento de uso do produto no campo. As embalagens não laváveis (cerca de 5% do total) e aquelas que não foram devidamente lavadas pelos agricultores são encaminhadas a incineradores credenciados. “Temos 11 recicladores parceiros que transformam as embalagens em vários produtos como caixa de bateria para automóvel, conduite e tampa das caixas de óleo de lubrificante. Toda renda da venda das embalagens é revertida para os nossos projetos”, explica Macul.
“Nosso desafio é manter o trabalho constante e aprimorar nossas tarefas do dia a dia para melhorar o sistema”, explica Oliveira.
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