• Carregando...

O calcário agrícola produzido no Paraná, considerado de ótima qualidade, será peça chave para a abertura de novas lavouras pelo país. Estimativa do setor agrícola prevê aumento da área cultivada de soja na próxima safra, podendo chegar pela primeira vez a 26 milhões de hectares - 1 milhão a mais que na safra anterior. Além de abastecer o mercado interno, o insumo paranaense é requisitado pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso.

O produto extraído das jazidas do estado tem alto teor de calcário e magnésio, que ajuda a corrigir o solo, tornando-o mais permeável, e melhora a absorção dos nutrientes pelas plantas, principalmente a soja e o milho.

"O solo brasileiro é dependente do calcário e não se consegue produzir sem o insumo. Temos o melhor produto do país", afirma Vitor Hugo Johnson, presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Mármores, Calcário e Pedreiras do Paraná (Sindemcap).

O insumo também pode contribuir para redução da área de pastagem degradada no Paraná. A Associação Brasileira de Agronegócio (Abage) estima 2 milhões de hectares subaproveitados para pecuária no estado. Sem pastagem de boa qualidade, a média estadual de 0,4 cabeça de gado por hectare é considerada baixa para os padrões comerciais – o mínimo para que a propriedade tenha lucro é 1 cabeça por hectare.

"É um mercado forte, mas que esbarra no desconhecimento do produtor que não sabe que o calcário pode contribuir para recuperação da pastagem. O problema é que falta recurso para divulgação o produto", lamenta Johnson.

Outros fatores enraizados na cultura do campo dificultam a expansão do setor. De acordo com Carlos Eduardo Furquim, diretor da indústria Caltec, o lobby feito pelas empresas de fertilizantes é muito grande. "Muitas vezes, o produtor utiliza fertilizante para tentar consertar a área sem que seja o ideal. O agricultor desconhecer os benefícios do calcário", lamenta.

O crescimento do setor também esbarra na logística de distribuição. Como o insumo tem baixo valor agregado, as transportadoras dão preferência para outros produtos que pagam prêmios melhores. Em média, o agricultor desembolsa R$ 25 pela tonelada de calcário, sendo que o transporte da mesma quantidade não sai por menos de R$ 60. Atualmente, a maior parte da produção é escoada de caminhão e uma reduzida parcela pelo sistema ferroviário.

"O caminhão é utilizado para encomendas menores. As ferrovias são a saída, mas não chegam a todos os lugares", ressalta Milene Gelenski, economista da Fe­­­deração das Indústrias do Paraná (Fiep).

Uma solução viável para baratear a exportação para outros estados é utilizar o frete de retorno dos caminhões que trazem grãos ao Porto de Paranaguá.

Maior produtor nacional, o setor paranaense projeta crescimento de 15% este ano. As cerca de 30 empresas instaladas no Paraná, principalmente no município de Castro, nos Campos Gerais, e norte da Região Metropolitana de Curitiba (Almirante Tamandaré, Colombo, Rio Branco do Sul e Itaperuçu) produzem 4,2 milhões de toneladas ao ano - 23% de todo calcário comercializado no país.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]