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O mercado externo fica longe dos sonhos de produtores de orgânicos que têm nas feiras públicas a principal saída para seus artigos. Tudo o que produzem acaba encontrando comprador, mas eles dizem que há risco de prejuízo se a produção for elevada. Além disso, alegam não ter capital para criar uma estrutura de exportação.

"As regras sanitárias e as exigências para registrar nosso negócio não foram feitas para os pequenos", reclama Sandra Mara dos Santos, de 45 anos, que produz cerca de 105 toneladas de orgânicos por ano em 19 hectares de seu sítio, em Campo Magro (Região Metropolitana de Curitiba). Ela diz ter caído numa emboscada ao se registrar como pessoa jurídica, uma vez que perdeu os benefícios fiscais e previdenciários dados ao agricultor familiar. Decepcionada com as exigências para produção de queijo orgânico, por exemplo, prefere se concentrar na produção de frutas, legumes, conservas e frangos, destinados ao mercado interno.

A intenção de Sandra era ampliar o cultivo e atender a um maior número de pessoas através de grandes distribuidores. Um dos problemas que travaram esse projeto foi o custo dos certificados mais aceitos. Ela conta que gastava até R$ 2,5 mil por ano quando contava com selos internacionais. Então, optou pelo selo da Rede Ecovida, que neste ano vai sair por R$ 45,00 – incluindo taxa anual de R$ 12,00 e despesas com vistorias. Os fiscais da Ecovida são os próprios produtores de orgânicos. Organizados em grupos, eles correm o risco de perder seu próprio certificado se algum infrator não for denunciado ao conselho central da rede. O selo é cada vez mais aceito no mercado interno.

Mesmo que seus produtos fossem aceitos em todo o mundo e que recebesse ajuda para investir em equipamentos, Sandra optaria por manter a produção nos moldes das pequenas propriedades. Hoje seu sítio emprega nove pessoas. Ela conta que sua principal conquista, a produção de tomate orgânico, veio de uma lição que não pode ser deixada para traz. "O segredo está no equilíbrio natural, que a gente só alcança produzindo diversas culturas ao mesmo tempo num mesmo espaço." Desta forma, diz não ter condições para criar uma estrutura de exportação, com todos os equipamentos e suportes legais necessários.

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