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Depois de passar mais de três meses estacionado na casa dos US$ 9 o bushel (27,5 quilos), o mercado futuro da soja reverteu a tendência e retomou a rota de alta na Bolsa de Chicago. O contrato maio/10, que ocupa a primeira posição de entrega, rompeu na semana passada a barreira dos US$ 10 o bushel, o equivalente a US$ 22 a saca de 60 quilos, e voltou ao patamar em que trabalhava no início do ano.

Ontem, terminou o pregão cotado a US$ 9,995 o bushel, ou US$ 22,05 a saca. Desde o início de fevereiro, quando recuou ao menor patamar do ano, a oleaginosa já ganhou 10%. No ano, acumula alta de 6%. A última vez que o mercado havia visto cotaçãoes acima desta marca foi em11 de janeiro, um dia antes da divulgação do relatório mensal de oferta e demanda do USDA que ampliou a estimativa de produção de soja nos Estados Unidos para 91,5 milhões de toneladas.

Mesmo com grandes safras nos três maiores produtores de soja do mundo (Estados Unidos, Brasil e Argentina), a demanda continua muito forte e dá fôlego para as cotações, explica Daniele Siqueira, analista da AgRural. "A China tem demonstrado um fluxo muito bom de consumo mensal e isso tem sustentado o mercado em Chicago em níveis próximos aos do ano passado", concorda Flávio França Jr., da Safras & Mercado.

Maior consumidora global de soja, a China é destino de mais da metade da oleaginosa comercializada no mundo, conforme dados do USDA, o departamento de Agricultura dos EUA. No ano passado, importou 41,1 milhões de toneladas, 4,8 milhões apenas em dezembro. Do Brasil, chegou a comprar em um único mês (junho) 6,2 milhões de toneladas, lembra Daniele.

Neste ano, tem demonstrado apetite ainda maior. Nos três primeiros meses de 2010, o país já importou 11,1 milhões de toneladas de soja. Até o final do ano, o volume deve chegar a 44 milhões de toneladas, segundo estimativa divulgada pelo Centro Nacional de Informação de Grãos e Óleos da China (CNGOIC, em inglês) há duas semanas. Entre abril e julho, os chineses devem adquirir cerca de 18 milhões de toneladas, sendo 4,3 milhões neste mês, 5 milhões em maio e em junho e outras 4 milhões em julho. Foi o impulso que faltava para o mercado da soja em Chicago. Depois do anúncio, a oleaginosa emplacou seis pregões consecutivos de alta e acumulou valorização de 3%.

"A tendência é que a demanda chinesa comece a migrar para a América do Sul a partir de agora. Então, o anúncio do governo chinês é uma notícia boa para nós", considera o analista da Safras. Ele explica que o aumento da demanda tende a fortalecer os prêmios de exportação e amortecer o impacto negativo do câmbio nos preços internos. "Os valores ficaram ligeiramente negativos por alguns dias no início de fevereiro, mas voltaram rapidamente ao terreno positivo, justamente por causa da demanda chinesa", lembra.

Atualmente, os importadores oferecem aos brasileiros um adicional de US$ 0,18/bushel, ou US$ 0,40/saca, sobre o preço de Chicago para garantir os embarques de soja. "Embora haja pressão do importador, não há contrapartida do vendedor. Ou seja, existe demanda, mas o produtor não quer vender. Por isso os prêmios mantém-se positivos em plena boca de safra recorde", esclarece a analista da AgRural.

Isso mantém os preços internos valorizados, ainda que abaixo do nível do ano anterior. A diferença é que em 2009, por causa da quebra, as cotações domésticas estavam decoladas de Chicago, lembra Daniele. Nos quatro últimos meses do ano passado, o mercado interno remu­­­­ne­­rou melhor que o externo no Paraná.

Neste ano, os preços ao produtor no FOB interior são mais baixos que os praticados em Chicago. Quando descontados todos os custos (transporte, embarque, armazenagem, etc), entretanto, os valores de balcão ficam acima da paridade de exportação.

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