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A polêmica é desgastante, mas necessária discussão sobre os fertilizantes vai muito além de questões de soberania nacional. O que está em jogo não é apenas a garantia da atividade agrícola no país. Se as regras não mudarem, o que está em risco é a viabilidade desse negócio. Com margens cada vez mais apertadas, os produtores precisam cortar despesas, racionalizar o uso da terra e dos insumos. A considerar que o adubo representa 1/4 do custo de produção, é daí que tem que vir a solução.

Reduzir ou deixar de usar fertilizantes no Brasil não tem jeito. Seria como plantar na pedra ou no mangue. Adubo por aqui é condição para produzir. Se for para produzir bem, então, aí é preciso ainda mais adubo, mais tecnologia. Assim, não tem outro jeito que não seja baratear esse custo. Aliás, baratear talvez não seja a expressão mais correta. Mas disciplinar esse mercado, definir critérios de produção, preço e importação.

O que não pode é o produtor ficar à mercê de variações inexplicáveis, como há dois anos, quando o preço do formulado teve reajustes de até 100%. Primeiro, porque um aumento nessa proporção não cabe no orçamento. Segundo, porque isso coloca por terra qualquer programação ou planejamento no campo. É quase impossível prever o comportamento do setor, controlado no Brasil e no mundo por 3 ou 4 companhias.

O Plano Nacional dos Fertilizantes, liderado pelo Ministério da Agricultura, é uma tentativa de impor ordem ao segmento. O primeiro passo é reduzir a dependência externa de matéria-prima. Mas antes disso – a independência não será uma tarefa fácil –, o Brasil precisa fazer a lição de casa. Produzir nitrogênio, fósforo e potássio não é como produzir um carro. Além do lobby dos atuais fornecedores, as grandes multinacionais, a exploração de jazidas vai enfrentar limitações econômicas, entraves políticos e restrições ambientais.

Na edição de hoje, o Caminhos do Campo expõe essa realidade e destaca que a autossuficiência, a bandeira da independência, ainda é um sonho, mas também um grande desafio.

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