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Se no Paraná as cooperativas detêm 55% da capacidade estática da armazenagem de grãos, em todo o Brasil é nas propriedades rurais que o setor assiste crescer a passos largos o número de silos para guardar a produção. Até 2001, a estrutura das fazendas representava menos de 5% do espaço disponível. Agora, 15% da produção de 120,6 milhões de toneladas previstas para a safra 2006/07 podem ser armazenados do lado de dentro da porteira.

Em 2001 o governo federal lançou o Proazem, Programa de Incentivo à Construção e Modernização dos Armazéns, com o objetivo de estimular o armazenamento da safra pelo produtor. Em 2002 o programa foi remodelado, passou a se chamar Moderinfra e a contemplar investimentos em irrigação. "O resultado foi que até 2003 a participação das fazendas se manteve estável, em 5% da capacidade do país; chegou a 9% em 2004; atingiu 11% em 2005 e saltou a 15% este ano", explica Luiz Campos, da gerência de cadastro de armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Brasília.

Em tese, para a safra 2006/07, a capacidade de armazenamento no Brasil é 0,6% superior ao volume previsto de produção. O problema estaria na distribuição dos silos, mais concentrados ao Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As principais distorções nessa relação estão nas regiões Norte e Nordeste do país, onde, segundo dados da Conab, a estocagem se limita a 2,3 milhões e 6,7 milhões de toneladas, respectivamente.

Robson Mafioletti, analista técnico e econômico da Ocepar, destaca a importância da alternativa de armazenagem na propriedade, mas alerta que é preciso tomar alguns cuidados antes de decidir ter seu próprio armazém. "É preciso ter um giro de produto suficiente para compensar o investimento e diluir o custo da estrutura", diz Mafioletti. Nesse sentido, o técnico da Conab lembra que, para maximizar a utilização do armazém, o produtor pode prestar serviço para terceiros.

Na avaliação de Campos, a estocagem cresce na fazenda porque a produção aumentou e o agricultor começou a encontrar dificuldade em armazenar os grãos. "Têm regiões do país onde ele não encontra armazéns", destaca. Além disso, o agricultor consegue reduzir custos e agregar valor antes de a produção deixar a fazenda, justifica.

Entre as finalidades do silo está a possibilidade de manter e controlar o fluxo de oferta e demanda dos produtos ao longo do ano, abastecendo o mercado nos períodos de entressafra. Com isso, o armazém também permite ao produtor ou à cooperativa trabalhar a questão do preço e comercializar a produção no momento que considerar mais oportuno, do ponto de vista econômico.

O Paraná possui uma capacidade estática de 24,9 milhões de toneladas. Em condições normais de desenvolvimento das lavouras, a produção na safra 2006/07 tem potencial para atingir 28 milhões de toneladas, pouco mais de 3 milhões acima do espaço nos armazéns.

Em 2003, quando a fila de caminhões em direção ao Porto de Paranaguá chegou a mais de 100 quilômetros, a produção de grãos foi recorde, com mais de 30 milhões de toneladas. Na época, os silos comportavam 19 milhões de toneladas.

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