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Depois de bater recordes de produção, vendas e exportações no ano passado, a indústria de máquinas agrícolas começou 2009 mais apertada. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o escasseamento do crédito provocou uma queda de 3% nas vendas internas e de 40% nas exportações no primeiro trimestre do ano. Para se ajustar à retração da demanda, a indútria reduziu a produção. A queda foi de 23% ante o primeiro trimestre de 2008, porcentual que deve se manter até o final do ano. Para a Anfavea, a produção brasileira de máquinas agrícolas cairá de 85 mil unidades em 2008 para 65 mil unidades neste ano (-24%). A estimativa da associação considera recuo de 40% nas vendas externas e de 14% nas internas, que passarão a 18 e 47 mil unidades, respectivamente.

No mercado doméstico, a queda nas vendas foi puxada pelo setor de colheitadeiras, que registrou recuo de 39% até março. O tombo foi amenizado pelo incremento de 3% na comercialização de tratores de rodas, com destaque para as máquinas de menor potência. "Em resumo, os números mostram que os programas sociais da agricultura familiar vão muito bem, obrigado, e que a agricultura comercial vai muito mal", resume Milton Rego, vice-presidente da Anfavea. O dirigente faz referência ao financiamento oferecido aos pequenos agricultores para a compra de tratores por programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (Trator Popular) e dos governos paranaense (Trator Solidário) e paulista (Pró-Trator). "Não fossem esses programas, os tratores estariam tão mal quanto as colheitadeiras", arremata.

As vendas internas começaram a cair em outubro de 2008, encerrando um ciclo de alta que começou em 2006. O crescimento foi retomado em fevereiro de 2009, ainda que em menor ritmo, e a tendêndia é que continue nos próximos meses, afirma Celso Casale, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). "Esperamos que a renda da safra que está sendo colhida dê mais vigor às vendas", concorda Gilberto Zago, vice-presidente da Anfavea. A produção brasileira de grãos será apenas 4% inferior à da temporada passada e, de modo geral, os preços estão bons, argumenta. A colheita da segunda maior safra da história em 2008/09, de 137,6 milhões de toneladas conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve render aos agricultores brasileiros R$ 152,9 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

No mercado exportador, o baque da crise financeira internacional foi ainda maior. As vendas externas acumuladas entre janeiro e março de 2009 são as menores desde 2003. "Tivemos vários cancelamentos de embarques, principalmente para a Argentina, que é o nosso principal mercado consumidor", explica Zago. Como até março pouco mais de 4 mil unidades haviam deixado o país, para cumprir a meta da Anfavea o Brasil teria que vender ao exterior 1,5 mil unidades por mês até o final ano. "Para isso é preciso crédito. É ele que lubrifica o canal da produção e do consumo. Hoje, há oferta e potencial de demanda, mas não há crédito suficiente", avalia Zago.

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