• Carregando...

Porto Nacional (TO) - Com o adubo 40% mais barato, as regiões de pastagens degradadas assistem à expansão da soja nesta safra. No Tocantins, estado em que a pecuária extensiva possui menos de um animal por hectare, os produtores de grãos não têm dúvidas de que as lavouras do país podem dobrar de tamanho em terras com mais de 50% de areia. "Solo é para suportar a soja em pé. Se o clima ajuda, o resto a gente fornece com adubação", afirma o produtor Alexsandro Farias, da Agro­pe­cuá­ria Trombini, que cultiva 900 hectares em Porto Nacional, município à beira do Rio Tocantins.

Os custos operacionais estão na faixa de R$ 1,2 mil por hectare, até R$ 600 a menos que na safra passada. Com praticamente o mesmo desembolso necessário um ano atrás, hoje é possível transformar o pasto em lavoura, pagando operação de máquinas e preparação de solo. "Gastamos o equivalente a 40 sacas por hectare para produzir so­­ja em áreas de pastagens degradadas neste ano", calcula Farias.

Na ponta do lápis, são R$ 115 no trabalho das máquinas, R$ 275 em calcário, R$ 10 para esparramar o produto, R$ 80 no serviço de catação de pedras e tocos e R$ 100 no pre­­paro final, num total de R$ 580 por hectare. A esse valor é somado o custo de cultivo normal (R$ 1,2 mil/ha). Para garantir a primeira safra, são despejadas cerca de 5 toneladas de calcário por hectare e o trabalho de catação de pedras pode ter de ser repetido até três vezes em algumas áreas. Na região, é necessário averbar reserva am­­biental de 35% da área.

"Mesmo considerando os 20% de área nova, esperamos 50 sacas por hectare neste ano", afirma Fa­­rias. A produtividade de 3 mil quilos por hectare é a mesma atingida na safra 2008/09. Isso abrindo a área direto com a soja, e não com o arroz, como fazem produtores do Maranhão, por exemplo.

O agrônomo Paulo Cezar de Prin­­ce, da Prince Consultoria, afirma que o clima deste ano deve permitir inclusive cultivo de milho após a soja na região de Porto Na­­cional. "As chuvas estão começando um pouco mais cedo e devem ter­­minar mais tarde." Esse quadro estimula a expansão das lavouras. Há oito anos em Tocantins, Prince afirma que "o estado é um adolescente na soja, exatamente como o Brasil". A expansão da produção é considerada uma questão de tempo, pelas grandes áreas mal aproveitadas e pela produtividade alcançada.

Fatores como a infraestrutura precária e o alto custo de transporte vêm sendo superados aos poucos, conferiu a Expedição Safra RPC. O Tocantins é cortado pela BR-153, a Transbrasiliana, e as ferrovias que levam ao porto de Itaqui (Maranhão) chegam no meio do mapa do estado, que se separou de Goiás há duas décadas. As obras nas rodovias são constantes e o movimento de caminhões dobra na época da colheita da soja, relatam os tocantinenses. As construtoras que estão trabalhando na Ferrovia Norte-Sul possuem canteiros de obras em Pedro Afonso e em Colinas, que já transportou soja por trem na safra passada. O escoamento pelo Rio Tocantins também vem sendo discutido e testado. Essas alternativas podem reduzir os gastos com transporte pela metade, dizem os produtores e técnicos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]