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O valor bruto da produção agropecuária brasileira caiu 14,2%. O país perdeu no campo R$ 13,6 bilhões em 2005. Sozinho, o Paraná respondeu por R$ 4 bilhões, quase um terço do total que deixou de ser arrecadado no Brasil. Mas, por incrível que pareça, a notícia, divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não foi recebida com surpresa e muito menos mereceu manifestação mais contundente do setor produtivo.

As avaliações, bastante moderadas, se basearam na retórica de que a culpa está na falta de uma política agrícola mais consistente e que atenda as necessidades de um setor responsável por 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Resumindo, a culpa mais uma vez é do governo federal, pelo menos em tese, porque, na prática, o vilão mesmo foi o clima. Vale lembrar que nas últimas duas safras, por causa da estiagem, o país deixou de colher 11 milhões de toneladas de grãos.

Mas porque um país como o Brasil, considerado o celeiro do mundo, não dispõe de um mecanismo de desenvolvimento agrícola sustentável? Há quem garanta que o país tem, sim, uma das melhores políticas agrícolas do mundo. Para o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o problema está na falta de dinheiro para colocar em prática as políticas públicas de apoio à gestão da cadeia produtiva. Aliás, um dos motivos que o levou a deixar o governo pouco antes do fim do primeiro mandato do presidente Lula foi justamente a limitação dos recursos destinados à sua pasta.

Ainda assim, o presidente Lula afirmou, recentemente, que a crise pegou o governo de calça curta, como se fosse a primeira vez que o setor enfrenta problemas. O governo parece desconhecer, ou então desconsiderar, que a agricultura é um dos setores mais sensíveis dentro da cadeia de produção que gera emprego e renda no país. O resultado do descaso é que o produtor brasileiro está sempre tendo que correr atrás do prejuízo. E a questão mais preocupante não é só a financeira, mas também a perda de competitividade da nossa agricultura no mercado internacional.

Enquanto isso, assistimos aos Estados Unidos baterem recordes históricos de produção e à China despontar como um grande produtor de grãos, num cenário em que o Brasil passa a ser mais promessa que realidade. É o retrato da uma política agrícola ineficiente, mas também de um país continental que pena com a falta de infra-estrutura e de câmbio, que mais parece uma faca de dois gumes. Quando a cotação do dólar favorece a produção, prejudica a exportação, e vice-versa.

No caso da agricultura, o primeiro passo na busca de uma solução é um velho conhecido de todos: o seguro agrícola. Mas porque ele não sai do papel ou dos pronunciamentos nas tribunas em Brasília. Isso também todo mundo já sabe: a falta de dinheiro. A esperança, mais uma vez, está nas mãos, ou melhor, no discurso do presidente Lula, que na semana passada defendeu a consolidação de uma política de seguro agrícola no país, para reduzir prejuízos causados por eventuais crises na agricultura brasileira.

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