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O exame de DNA feito a partir dos pelos dos bovinos agora revela mais sobre o passado, o presente e o futuro dos bichos. Informações que só estariam disponíveis depois do abate ganham precisão e tornam-se cada vez mais detalhadas. A úlitma arrancada nessa corrida tecnológica no Brasil foi a atualização do painel Igenity pela Merial Saúde Animal. A empresa ampliou de 7 para 11 a lista de quesitos para avaliação do boi nelore, que representa dois terços do rebanho nacional.

Os marcadores genéticos dão a ficha completa do animal, antecipando dados como a média de peso na desmama, o ganho de peso durante o crescimento, o rendimento da carcaça, a proporção de carne do lombo. Mais do que isso, revelam as características da carne, apontando o grau de maciez, a espessura de gordura sob a pele, a concentração de gordura na picanha. É possível também apartar os animais mais resistentes a ectoparasitas, que ficam prontos para reprodução mais precocemente, com temperamento mais calmo ou os que têm maior expectativa de vida. São esses os 11 quesitos, que devem dar o perfil das próximas gerações de bovinos.

Para apontar essas características, é necessário um banco de dados com o histórico de animais de diversas regiões e que, durante a vida, apresentaram desempenhos distintos, explica Guilherme Gallerani, gerente do programa Igenity. O DNA extraído de células da raiz do pelo do animal vivo é comparado aos DNA's dos outros bovinos. O histórico dos semelhantes passa a ser visto como se fosse o perfil desse bicho. Os dados são considerados confiáveis a ponto de mudar o destino de reprodutores valiosos, substituídos pelos de maior potencial.

No Paraná, onde o nelore tem menor participação, a tecnologia dos marcadores genéticos se expande em outras raças, como a brangus (brahman+angus). "A associação dos marcadores genéticos com outros métodos de avaliação dos animais é o ideal para melhorar a produção de carne", afirma Edison Laroca Fontoura Filho, veterinário da agropecuária Guapiara, que tem 12 mil brangus no Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Numa primeira leva, 110 fêmeas e 10 touros foram avaliados, todos reprodutores.

Laroca conta que o rendimento dos rebanhos chega a 17 arrobas aos 2 anos e pode continuar evoluindo à medida que os melhores animais forem selecionados. "O ganho é expressivo se formos considerar que a média em fazendas que não fazem avaliações muitas vezes fica abaixo de 10 arrobas nessa mesma idade." Os animais melhor avaliados ganham papel mais importante no grupo de reprodução. As novilhas selecionadas rendem mais de um bezerro por ano com a retirada de embriões.

Guapiara continua usando um programa de seleção tradicional em que os animais são periodicamente avaliados e recebem notas. A partir de agora, esses dados poderão ser comparados ao do programa de marcadores genéticos. No caso do brangus, a tecnologia antecipa também o consumo de matéria seca e o ganho de peso do animal por dia. O custo para avaliar um animal vai de R$ 80 a 110 no Paraná, dependendo do número de características que será revelado no exame.

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