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A moagem da maior safra de cana-de-açúcar da história está estimulando as exportações paranaenses de açúcar e de álcool, que cresceram acima da média nacional nos primeiros sete meses do ano. Entre janeiro e julho de 2008, as vendas externas de álcool do estado aumentaram 62%, enquanto os embarques brasileiros registraram alta de 31% ante igual período de 2007. No açúcar, o Paraná também cresce e caminha na contramão da tendência nacional. As saídas do produto paranaense para o mercado externo aumentaram 30%, enquanto as exportações brasileiras recuaram 6%.

Até julho deste ano, os portos paranaenses escoaram 373,8 milhões de litros de álcool e 954 mil toneladas de açúcar. No ano passado, nesse mesmo período, foram 231 milhões de litros de álcool e 736,4 mil toneladas de açúcar. No Brasil, os embarques do combustível subiram de 1,96 bilhão de litros nos primeiros sete meses do ano anterior para 2,57 bilhões em 2008. Já as exportações nacionais de açúcar, que somavam 10,2 milhões de toneladas nesta época de 2007, alcançam apenas 9,6 milhões neste ano. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Para o superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva Dias, o fato de os embarques paranaenses terem crescido acima da média nacional não significa que o estado esteja priorizando o mercado externo em detrimento do interno. Ele afirma que o abastecimento doméstico não será comprometido pela demanda internacional aquecida.

Dias explica que os produtos embarcados no primeiro semestre do ano foram negociados antes do início da moagem da safra, que começou em abril nos estados do Centro-Sul, responsáveis por 90% da produção nacional. À época, o setor esperava um incremento de 28% na produção paranaense, expectativa que não deve se confirmar. Na temporada 2007/08, as usinas do estado processaram 40,4 milhões de toneladas de cana. As estimativas iniciais para a safra 2008/09 indicavam que a indústria paranaense teria à sua disposição 52 milhões de toneladas. Com o avanço da safra, a Alcopar refez os cálculos e a projeção foi reduzida. Agora, a expectativa é de algo entre 46 e 47 milhões de toneladas de cana para indústria. Além disso, mais cana deve ficar em pé ao final desta safra. Entre 5 e 6 milhões de toneladas devem permanecer nos campos paranaenses para serem colhidas apenas no próximo ciclo (2009/10).

A projeção de produção de cana para uso industrial foi reajustada para baixo porque houve atraso na entrega de equipamentos no período do plantio, o que atrapalhou um pouco a safra. Na colheita, o problema foram as chuvas excessivas de agosto, que paralisaram a moagem. "Quando chove um dia, tem que esperar mais dois para retomar a colheita. E em agosto choveu durante quase três semanas", cita Dias. Segundo ele, o excesso de umidade pegou as plantas em estágio vegetativo, o que levou à perda de rendimento industrial. Água demais nessa fase do desenvolvimento da lavoura diminui a concentração de açúcar na planta.

Ainda assim, a safra de cana 2008/09 do Paraná deve ser cerca de 15% superior à colheita do ano anterior. "Mas a indústria terá que se ajustar aos novos números", alerta Dias. A expectativa inicial era de um excedente exportável maior. E os contratos de exportação, que costumam ser firmados com antecedência no setor sucroalcooleiro, foram antecipados ainda mais este ano.

No caso do álcool, a alta do petróleo no início do ano viabilizou as exportações para os Estados Unidos, que abocanharam a maior parte do etanol embarcado até julho. Para entrar no país, o produto brasileiro paga uma tarifa de US$ 0,54 por galão ou US$ 0,14 por litro. O aumento do preço da gasolina nos EUA, que seguiu a alta do petróleo, compensou a sobretaxa e aqueceu o comércio de etanol entre os dois países. Agora, com o petróleo em queda, a demanda norte-americana tende a arrefecer um pouco.

No ano passado, os EUA importaram 1,7 bilhão de litros de etanol brasileiro, quase metade do volume total embarcado pelo Brasil. Neste ano, estima-se que as exportações nacionais de álcool fiquem próximas a 5 bilhões de litros, 2/3 dos quais (cerca de 3,2 bilhões) seriam consumidos pelos norte americanos.

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