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Chicago, Illinois (EUA) - Como prever produção recorde e ainda assim garantir cotações em alta no mercado interno e internacional? Pergunte ao USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Na semana passada, o órgão estimou que não apenas a safra de milho como também a de soja serão recordes no país. Surpresa no desempenho esperado para a oleaginosa, que agora pode superar a marca histórica da última temporada, com mais de 93 milhões de toneladas, e no cereal, que tem potencial para encerrar o ciclo com uma supersafra, de 340 milhões de toneladas.

Destaque à produtividade, de quase 3 mil quilos de soja e acima de 10 mil quilos de milho por hectare. Ainda assim, as duas commodities encerraram o pregão de sexta-feira na Bolsa de Chicago (CBOT) acima de US$ 10 e US$ 4/bushel, respectivamente.

Ontem, depois de duas semanas de expectativa e especulação com a crise do trigo na Europa, até certo ponto dimensionada com o relatório do USDA, soja, trigo e milho operaram em baixa na CBOT. O primeiro contrato da oleaginosa terminou o dia cotado a US$ 10,33/bu (27,2 quilos), o trigo a US$ 6,64/bu (27,2 quilos) e o milho a US$ 4,09/bu (25,4 quilos). Os três grãos encerraram o pregão com perdas (ganhos) de 10,5, 38,5 e 4,5 pontos, respectivamente. O que derrubou as cotações na abertura da semana foi a previsão do retorno das chuvas à Rússia, que poderá replantar parte das lavouras perdidas com a seca.

A segunda quinzena de agosto, aparentemente, não deve ser muito diferente da primeira, período em que, entre um dia e outro, as cotações registraram ganhos e perdas de dois dígitos. As lavouras americanas ainda estão suscetíveis ao excesso de chuvas em algumas regiões e às altas temperaturas no período noturno em outras, o que deve manter o "mercado climático" aquecido em Chicago. Ana­listas alertam, entretanto, que, apesar das previsões de quebra da safra mundial de trigo, ainda restam dúvidas sobre até quando a crise do cereal vai influenciar as cotações em Chicago.

Jack Scoville, vice-presidente da corretora Price Group, em Chicago, concorda que os números beneficiam os Estados Unidos. Ele destaca os contratos de soja e milho com vencimento em novembro, que servem de referência para a safra norte-americana, seguem valorizados. Na pior das situações, Scoville não acredita que verá soja abaixo de US$ 9,5 o bushel e milho de US$ 3,9 por bushel.

Apesar de os números favorecerem sobremaneira, pelo menos nes­­te momento, o produtor e o mercado norte-americano, o analista avalia que a conjuntura também é positiva para a América do Sul, em especial ao Brasil, o maior pro­­dutor de soja da região. "Os mo­­vimentos de mercado, com a sustentação dos preços mesmo diante de uma grande safra nos EUA, devem confirmar as previsões de aumento de área à soja brasileira."

Para Steve Cachia, analista da Cerealpar, o rali de preços da semana passada poderia ser maior, não fosse a confirmação da safra cheia nos Estados Unidos. Ele esclarece, ainda, que a soja recebe influência da alta do milho e do trigo, mas que segue firme principalmente pelas exportações dos EUA à China.

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