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O Centro Nacional de Informação de Óleos e Grãos sustenta que o país está ampliando em 12 milhões de toneladas sua estrutura de esmagamento. Quando os projetos estiverem concluídos, a marca passará de 130 milhões de toneladas, com uma larga margem para aumentar as importações de grãos. Notícia animadora para a cadeia brasileira da soja, que arrecadou US$ 10,9 bilhões com os embarques da oleaginosa ao país asiático no ano passado, ou 45% da renda das exportações do grão no período.

A capacidade de processamento de soja da China, a maior do mundo, chegou a um ponto que coloca no limite a própria estrutura de transporte. A planta visitada pela Expedição em Tianjin, a mais nova unidade da estatal Cofco, foi inaugurada há oito meses. Está processando 4 mil toneladas ao dia (1,2 milhão ao ano) e, conforme o projeto original, deve ser duplicada. Isso ainda não ocorreu justamente porque não há ferrovias suficientes na região para o transporte da soja.

"Nossa capacidade será o dobro, mas a segunda fase do projeto não foi iniciada ainda porque não temos ferrovias suficientes", disse Hao Kefei, gerente geral da nova indústria. E a ferrovia não sai por quê? "Isso depende do governo", responde Hao, mostrando que quando o assunto cabe a Beijing, pouco se pode fazer além de especular.

A unidade que avançou so­­bre o mar foi iniciada na épo­­ca em que a China mais cresceu. O PIB do país avançou 10,4% tanto em 2004 como em 2005.

As obras tiveram empurrão dos índices de 11,6% e 13% registrados em 2006 e 2007. As taxas entre 9% e 10% de crescimento anual registradas desde então continuam dando lastro ao investimento.

Hoje, num raio de 300 quilômetros, apenas 10% da produção da unidade são distribuídos por trem. O restante segue de caminhão para as regiões consumidoras, numa frota envelhecida que contrasta com a moderna rede de transporte e a estrutura portuária. Os caminhões que trasportam a produção chinesa das indústrias para os centros consumidores, com décadas de estrada, percorrem rodovias novas e viadutos entrelaçados ainda em construção, uma demonstração de que as dificuldades devem ser temporárias.

Papéis definidosExpansão industrial adia plano de agregar valor à soja na origem

Como mais de 40% da soja brasileira exportada em grão seguem para a China, a ampliação da estrutura industrial do país asiático adia o plano tupiniquim de elevação dos embarques de farelo e óleo – com valor agregado. O país que acorda diariamente 11 horas antes do Brasil prefere que seu parceiro comercial continue atuando como fornecedor de matéria-prima.

O lado bom é a ampliação da demanda chinesa, determinada também pela redução no cultivo interno da oleaginosa. Estimulados pelos preços, os agricultores chineses apostam no milho, por razões que vão além da desvantagem tecnológica em relação às lavouras de soja das Américas. Com mercado interno garantido para a soja convencional, destinada à alimentação humana, migram para o cereal, ainda mais lucrativo.

A ampliação da capacidade de processamento de soja é apenas um passo da economia chinesa, que tem muitos problemas para resolver diante da demanda crescente por alimentos. O país ainda busca alternativas para suprir, por exemplo, a necessidade cada vez maior de energia. O carvão mineral responde por mais de 70% da matriz energética. Os investimentos em usinas nucleares e hidrelétricas não têm sido suficientes para reduzir a poluição, que cobre Beijing diariamente a ponto de impedir a própria contemplação dos prédios. Garantir alimento à população é a prioridade.

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