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A surpresa da safra norte-americana nunca vem do campo, mas dos es-critórios em Washinton DC. Mais uma vez, quem causa perplexidade no mercado internacional é o USDA, o Depar-tamento de Agricultura dos Estados Unidos. Em plena colheita no Corn Belt – as máquinas avançam para a metade final dos trabalhos de campo – os técnicos e economistas do órgão governamental reduzem a área de soja em meio milhão de hectares. A surpresa lembra um episódio similar, ocorrido em 2008, quando, em plena safra, o USDA rebaixou a extensão ocupada pela oleaginosa em quase 1 milhão de hectares.

A consequência imediata é o reajuste nos preços, com limites de alta na Bolsa de Chicago, tanto na soja quanto no milho. Tudo isso ocorre em plena colheita nos Estados Unidos e entressafra na América do Sul. São ajustes que beneficiam, sobremaneira, os produtores da América do Norte. A soja, literalmente, não para nos armazéns. De dentro da porteira, direto para as barcaças, que através do Rio Mississipi ganham o Golfo do México e o mundo. Como no Brasil, há pouca oferta e são poucos também os produtores que aproveitam o rali em Chicago. A saída é travar preço, nos contratos futuros, embora seja uma prática sem muita tradição entre os agricultores do país.

Então, é o mercado se rendendo, mais uma vez, à especulação, mas não dos fundos, traders ou brokers. Virou questão de estado, onde os números trabalham, claramente, sem muitas explicações, para proteger mercado e produção dos Estados Unidos. Coisas do USDA, que nem mesmo os produtores norte-americanos conseguem compreender – muitas vezes nem querem entender. Quem dirá, então, os produtores brasileiros.

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