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Perto de 3 mil pessoas participaram do Agricultural Outlook Forum, na última semana, nos EUA. Evento mostrou que produção tende a crescer no milho e na soja | Lance Cheung/divulgaa§a£o/usda
Perto de 3 mil pessoas participaram do Agricultural Outlook Forum, na última semana, nos EUA. Evento mostrou que produção tende a crescer no milho e na soja| Foto: Lance Cheung/divulgaa§a£o/usda

Apesar da incerteza sobre o clima dos próximos meses, os Estados Unidos estão confiantes de que colherão uma safra recorde de grãos na temporada 2014/15, que começa a ser semeada no mês que vem no país. Entre soja e milho, os norte-americanos esperam retirar dos campos 451,8 milhões de toneladas – 8,6 milhões acima da colheita anterior. O crescimento de 2% deve ocorrer mesmo com uma ligeira redução de 0,4% na área de cultivo (veja matéria abaixo) e promete derrubar as cotações internacionais dos grãos no próximo ciclo.

Apresentadas pelo Usda, o Departamento de Agri­­cultura do país, na semana passada, as primeiras estimativas oficiais de produção para a safra 2014/15 contam com produtividades bem acima da linha de tendência, desconsiderando as previsões que apontam para mais um ano de neutralidade climática – condição que torna regime de chuvas mais imprevisível e aumenta o risco de quebras de safra.

Com média de 3,04 mil quilos de soja e 10,39 mil quilos de milho por hectare, o governo norte-americano prevê safras de, respectivamente, 96,6 milhões e 355,2 milhões de toneladas na temporada 2014/15 – produção suficiente para alçar os estoques da oleaginosa ao maior nível em oito anos. Deve ser o segundo ano consecutivo de recomposição das reservas internas do cereal, depois de oito safras de vantagem para o consumo.

No ano de melhor desempenho até agora, os EUA conseguiram retirar das lavouras 2,96 mil quilos de soja e 10,34 mil quilos milho por hectare. Isso foi na safra 2009/10, último ciclo de produção cheia no país. Naquela temporada, os produtores norte-americanos colheram 91,4 milhões de toneladas de soja e 332,5 milhões de toneladas de milho.

“Supondo que o clima será favorável, depois de quatro safras com problemas climáticos, os EUA podem estabelecer novos recordes. Com isso, os preços devem recuar ao menor nível desde 2009/10”, cravou o economista-chefe do Usda, Joseph Glauber, no discurso de abertura do 90.º Agricultural Outlook Forum, em Arlington, na Virgínia.

Levantamento do USDA indica que o preço médio da soja deve cair 24%, de US$ 12,70 por bushel (27,2 quilos) na temporada anterior para US$ 9,65 no próximo ciclo. O milho tende a registrar queda um pouco mais suave, de 13%, mas deve recuar a níveis ainda mais críticos. Os US$ 3,90 por bushel (25,4 quilos) previstos pelo órgão para 2014/15 ficam abaixo dos custos de produção, estimados pelo setor em US$ 4,50/bushel.

“Ao que tudo indica neste momento, o Meio-Oeste [principal região de produção de grãos dos EUA] terá um bom ano, com possibilidade de produtividade [de milho] acima de 10 mil quilos por hectare”, garantiu o agrometeorologista do Usda Brad Rippey. Segundo ele, uma seca como a que assolou o Corn Belt em 2012, provocando a maior quebra da história norte-americana, está descartada. “Por outro lado, é possível que haja excesso de umidade na primavera, o que, potencialmente, pode atrasar o plantio em algumas áreas”, alertou.

Foto: Lance Cheung/Divulgação/Usda

 

Estoques crescem com queda nas exportações e produção maior

Depois de verem seus estoques de milho recuarem ao menor nível em quase 20 anos no ciclo 2012/13, os Estados Unidos devem engatilharo segundo ano consecutivo de reposição de suas reservas internas. Com consumo interno praticamente estável e exportações em queda, os estoques finais do cereal devem saltar de 37,6 milhões de toneladas em 2013/14 para 53,4 milhões em 2014/15. “Apesar da área menor, a produção tende a crescer, mas, do outro lado, o ganho de demanda será mínimo”, resumiu Mark Ash, economista do USDA.

Ash explicou que a queda recente dos preços do cereal não está sendo suficiente para reverter a estagnação da produção de etanol, que deve continuar absorvendo menos de 40% da produção norte-americana de milho. Por outro lado, houve uma melhora nas margens da indústria de carnes, mas o crescimento da demanda do cereal para alimentação animal deve ser pequeno. Nas exportações, a perspectiva é de queda de 3%, de 40,6 para 39,4 milhões de toneladas. “Enfrentamos concorrência feroz de Brasil e Ucrânia, que ultrapassaram a Argentina e já são o segundo e terceiro maiores exportadores de milho do mundo”, explicou o secretário de Agricultura, Tom Vilsack.

No caso da soja, tanto exportação (43,5 milhões de toneladas), quanto esmagamento (46,9 milhões de toneladas) devem crescer, mas o aumento fica aquém do incremento previsto para a produção. Com isso, os estoques da oleaginosa devem praticamente dobrar, para 7,8 milhões de toneladas ao final do ciclo 2014/15.

Com recuo no milho, soja tem plantio recorde

Depois de cultivar área recorde de milho no ciclo passado, os Estados Unidos irão diminuir o plantio na próxima temporada. A extensão destinada ao cereal deve cair 3,7% no ciclo 2014/15, para 37,2 milhões de hectares. A área será transferida para a soja, que só não ganha mais terreno porque enfrenta forte competição com o algodão na região do Delta do Mississippi. A oleaginosa terá plantio 4% maior na próxima safra norte-americana, com 32,1 milhões de hectares cultivados – a maior área da história. As projeções fazem parte da primeira estimativa de intenção de plantio do Usda, divulgada na semana passada durante o Agricultural Outlook Forum. Os números serão revistos pelo Departamento em março.

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