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O mercado de milho está vivendo uma nova realidade. A formação de preço do cereal não é mais um atributo apenas do consumo interno. Graça à mudança estrutural provocada pelo etanol nos EUA e a frustrações de safra ao redor do mundo, especialmente na Europa, a exportação passou a ser o fiel da balança.

A conseqüência dessa conjunção de fatores para o mercado interno não foi outra senão um salto das exportações brasileiras, que, segundo as estimativas mais otimistas, podem ficar entre 10 e 11 milhões de toneladas, apesar de, oficialmente, a Conab ainda apostar em 8 milhões de toneladas.

A grande demanda externa pelo milho brasileiro chegou a garantir ágio de até US$ 130 por tonelada sobre o preço praticado na exportação do cereal norte-americano. Com os preços das vendas externas ditando o andar da carruagem, os compradores internos tiveram que acompanhar o ritmo, via aumento de preços, para evitar uma situação de aperto ainda maior no abastecimento interno em função do escoamento do produto para o exterior. Resultado: nos últimos 30 dias, os valores do milho no Brasil subiram 13,2% na média das 34 praças brasileiras levantada pela AgRural. Isso agora, com o mercado um pouco mais calmo, já que há uma semana, os avanços se aproximavam de 20%.

A exportação, porém, não deixou marcas apenas nos preços do cereal neste segundo semestre de 2007. Pela primeira vez na história, o mercado exportador realizou contratos pré-fixados de milho para a safra 2007/08. Em muitos locais do interior do Brasil, como em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, os preços praticados variaram entre R$ 18 e R$ 22 a saca. Até no Mato Grosso, tradicional produtor de soja na primeira safra, ocorreram negócios para a safrinha de 2008, com preços variando de US$ 5,50 a US$ 7 por saca.

O aumento do preço do cereal, naturalmente, teve efeito direto nas expectativas de plantio do produtor, especialmente nos estados do Sul e Sudeste, onde existe maior liqüidez para o grão. Em resumo, tudo isso quer dizer que os produtores estarão, no mínimo, garantindo a manutenção da área do cereal já na primeira safra para o ano de 2008, com possibilidade de aumento de até 3%. Isso, é claro, se o clima voltar a colaborar.

Fernando Muraro Jr, é engenheiro agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas,fmuraro@agrural.com.br, www.AgRural.com.br

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