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A campanha contra a aftosa teve de ser prorrogada por uma semana em 40% do Paraná apesar de a exigência de vacinação ter sido reduzida à metade do rebanho. Pela primeira vez, só o gado com menos de 2 anos tinha de ser imunizado. Porém, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), houve falta de vacinas nas regiões de Campo Mourão, Cascavel, Francisco Beltrão, Guarapuava, Irati, Laranjeiras do Sul, Toledo, Umuarama – que abrangem 163 dos 399 municípios do estado. O primeiro prazo para vacinação e comprovação começou dia 1.º e terminou em 31 de maio. O novo prazo para compra e aplicação vai até sábado, dia 6.

"Com menos gado para vacinar, o pessoal que usava os quites de 50 doses passou a procurar os de 10 doses. A necessidade de quites pequenos se tornou maior e, por isso, houve falta", explica o veterinário da Seab Walter Ribeirete. Ele sustenta que não há risco de a abrangência ficar abaixo de 95%. Tradicionalmente, o estado imuniza mais de 98% de suas 10 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos.

Os fiscais vão usar os cadastros da campanha passada, realizada em novembro, para identificar propriedades que não vacinaram ou não recadastraram seus rebanhos. Mesmo quem não tinha gado para vacinar – caso dos rebanhos com todos os animais acima de 2 anos – precisa fazer o recadastramento. A multa por animal não vacinado está em R$ 87,27. Em novembro, o produtor terá de vacinar novamente 100% do rebanho no Paraná. Os especialistas acreditam que o animal vacinado a vida inteira continua imune se receber apenas uma dose por ano.

Três revendedores contatados pela Gazeta do Povo disseram que a falta de vacinas deve-se a um atraso na entrega de pedidos de 1 mil a 3 mil doses, considerados pequenos. Eles afirmam que os medicamentos estão chegando nesta semana. O material vem de São Paulo, da Central de Selagem instalada pelas indústrias do setor em Vinhedo. A central informa que há vacinas mais do que suficientes para todos os estados. O Brasil é considerado o maior produtor de vacinas contra a aftosa do mundo, com capacidade para 500 milhões de doses/ano.

A vacinação reduzida foi aprovada pelos criadores. "Foi sensacional. Tivemos que aplicar vacina só em metade do gado", afirma o criador de nelore de Campo Mourão Valmor Júnior da Silva. A cada 100 cabeças, a economia é de mais de R$ 300, considerando a vacina e o serviço. Silva ajuda a organizar uma exposição que deve reunir 800 bovinos entre os dias 29 de junho e 5 de julho em Campo Mourão e conta que as exigências sanitárias para chegada e saída de animais não mudaram. "Pelo contrário, estão cada vez mais fortes".

"Praticamente todo mundo conseguiu vacinar dentro do prazo. A chuva pode ter atrapalhado um ou outro criador", acrescenta o pecuarista Wanderlei Portela, de Laranjeiras do Sul. A região de seu município também ganhou uma semana extra de prazo. Na campanha de novembro, vacinou 95% do rebanho de 527 mil cabeças, um dos piores índices do estado.

Um pecuarista de Peabiru (Centro-Oeste) que não quis se identificar, conta que deixou de imunizar sete bezerros de sua propriedade. Ele se defende dizendo que ao procurar três vezes pelo produto, em postos de venda da cidade, não encontrou as vacinas. "Os vendedores disseram que a vacina estava em falta nos laboratórios. Pretendo vacinar ainda essa semana." Os animais, segundo ele, são para abastecer a propriedade com carne e leite.

Já o agricultor João de Deus da Fonseca, de Campo Mourão, conta que teve sorte ao encontrar na cooperativa a vacina para os seus seis bezerros. "O pessoal comentou da falta do produto, mas quando fui comprar, encontrei a vacina com certa abundancia", diz ele. Ainda assim, Fonseca esqueceu de vacinar um bezerro que teria nascido no dia 28 de maio. Agora, vai aproveitar a prorrogação para fazer a imunização completa do rebanho. Colaborou, Dirceu Portugal, correspondente em Campo Mourão

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