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O Serviço Nacional de Segurança Agroalimentar da Argentina (Senasa) anunciou ontem que encontrou um foco de febre aftosa em San Luis del Palmar, norte da Província de Corrientes, perto da fronteira do país com o Paraguai. A província também faz fronteira com o Brasil. O serviço informou que irá proceder o sacrifício de 3.070 animais. O titular do Senasa, Jorge Amaya, confirmou que os inspetores detectaram a presença de aftosa num lote de 70 cabeças, mas as autoridades sanitárias também determinaram o abate dos outros 3 mil bois que tiveram contato com o gado infectado.

O serviço ainda estabeleceu um cordão sanitário de 20 quilômetros ao redor da fazenda onde a doença foi detectada. Segundo Amaya, o governo argentino já informou oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e as autoridades sanitárias dos parceiros do país no Mercosul – Uruguai, Paraguai e Brasil. San Luiz fica a 25 quilômetros do Paraguai e a 280 quilômetros da fronteira com o Brasil.

Suspeita

A suspeita do foco foi comunicada em 4 de fevereiro e a análise do laboratório confirmada ontem, com a determinação imediata de sacrifício dos animais. A área onde está a propriedade foi isolada e um regime de quarentena não permite a entrada e saída de animais.

Um levantamento realizado pelo serviço em áreas e municípios vizinhos não detectou suspeitas de outros focos. O último registro da doença na Argentina foi em 2003. O país tem status internacional de área livre de aftosa com vacinação.

A Argentina é o terceiro maior exportador mundial de carne bovina. No ano passado as exportações desse produto representaram um faturamento de US$ 1,39 bilhão. Com o embargo de 56 países à carne brasileira, por causa da aftosa em Mato Grosso do Sul e Paraná, a Argentina tinha conseguido expandir de modo significativo as vendas de carnes para o mercado externo, principalmente para a Rússia e Chile. O país é o segundo fornecedor do mercado chileno, com entregas que ano passado chegaram a 55.428 toneladas, em alta de 300% com relação ao ano anterior.

Uruguai e Chile fecharam suas fronteiras com a Argentina. O Paraguai apenas reforçou as medidas sanitárias de controle.

Mercosul

Pedro Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) e ex-presidente do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo (Fundepec), disse ontem que o reaparecimento da febre aftosa na América do Sul é resultado da forma inconseqüente como o Mercosul está tratando do assunto. Segundo ele, o Mercosul não pode continuar sendo o maior exportador de carne bovina do mundo com tanta irresponsabilidade. "Essa irresponsabilidade não é só do governo, mas também do setor privado, e pode custar ao Brasil e ao Mercosul uma posição que não foi fácil conquistar." Para ele, isso é um alerta ao Brasil de que a questão da aftosa tem de ser tratada de forma conjunta pela América do Sul. "Mas, antes, o Brasil tem de fazer a lição de casa. Nem a questão do foco do Paraná foi resolvida ainda."

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